quinta-feira, 4 de julho de 2019

Matilde uma reflexão pessoal sobre esta menina que deixou a nossa Humanidade em carne viva

Matilde é para mim uma fonte de inspiração. Como foi possível que esta Menina tão pequenina e tão Frágil tenha tido essa força extraordinária de levantar um país e gerar esta onda de solidariedade quase sem precedentes? Louvada seja esta característica dos portugueses que quando nos unimos e acreditamos em causas, somos capazes de mover montanhas, transformar a ordem natural das coisas se for preciso, só para chegarmos a onde queremos. E desta vez quisemos chegar ao número mágico, 2 milhões. Tudo para tentar salvar a vida desta heroína que oxalá vá a tempo de poder conhecer de viva voz a história dos seus primeiros tempos de vida. Tão intensos, profundos e humanamente tão ricos. Aconteça o que acontecer, Matilde já foi uma dádiva para todos nós. Ela, e também o Guilherme que infelizmente ficou pelo caminho, e todos os outros 10 meninos portugueses que têm o mesmo problema de Matilde, e que estão a ser tratados pelo nosso serviço nacional de saúde. Mas alerta! Matilde está também a gritar-nos ao ouvido que esta mobilização será provavelmente irrepetível. Primeiro porque tudo isto nasceu do desespero de uns pais que se lançaram nas redes sociais, sem saberem se o tratamento é ou não eficaz, se a Matilde tem ou não condições para receber o tratamento, ou se pode ou não viajar para os Estados Unidos. Uns pais que deviam ser acompanhados e actuar em conjunto com os médicos que obviamente querem muito salvar a Matilde. Não os condenemos! Pensemos de forma equilibrada enquanto agentes da sociedade civil, e chegaremos à conclusão que infelizmente não temos capacidade para acudir a estas doenças raras, em que os tratamentos são muito caros. E são caros entre outras coisas porque demoram muitos anos a desenvolver. São precisos cientistas, muitos técnicos, cobaias, uma estrutura muito grande que durante todo este tempo precisa do seu pão. E claro também porque o mercado infelizmente quando não tem concorrência torna-se selvagem, e as farmacêuticas podem dar-se ao luxo de literalmente fixarem o preço que quiserem. Celebremos a vida, e resistamos à tentação de a mercantilizar, embora sabendo que obviamente há coisas que não têm preço, mas tudo tem um custo. Conviver e vencer esta dicotomia é a principal missão dos geniais. E não há dúvida que Matilde foi capaz de deixar a nossa humanidade em carne viva.

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