sábado, 29 de junho de 2019

O circo mediático lamentável em que se transformou a demolição do prédio Coutinho em Viana do Castelo

Não quero discorrer acerca dos méritos desta demolição, até porque ela já foi amplamente discutida e decidida, mas sim abordar o momento actual, em que as autoridades querem demolir o prédio, mas 11 pessoas, 6 proprietários não saem, nem à lei da bala! E como se não bastasse, temos agora um advogado que supostamente está a defender os 11 moradores que resistem à saída das casas que foram deles, mas que entretanto foram expropriados por ordem do tribunal, num processo que já se arrasta há quase 20 anos, e em que os moradores já esgotaram todos os recursos disponíveis, com a mais recente decisão do tribunal administrativo e fiscal de Braga, que rejeitou a providência cautelar entreposta pelos moradores. Agora o advogado vem dizer que vai intentar, ou já intentou uma nova providência, Eles que em quase 20 anos não ganharam em nenhuma instância deste processo.Está bom de ver que estes habitantes estão a ser instrumentalizados. Eles receberam 200 mil euros pela sua casa. Foi aquilo que todos receberam. Recorde-se que são 105 apartamentos, e só 6 neste momento estão ocupados. Quantas expropriações de casas não foram feitas por causa de auto Estradas e afins? Quantos não foram os bairros demolidos? Certamente nesses bairros haviam habitações próprias. E depois vejamos uma questão prática. Imaginem que por qualquer motivo o tribunal agora vinha dar razão aos moradores. TERIA lógica ficarem numa casa velha com mais de 40 anos, dentro de um prédio velho desabitado, com portas arrombadas, com casas todas abertas a cair de podres, com um campo fértil para o vandalismo. Tomara eu que daqui a 20 ou 30 anos me dessem 200 mil euros pela minha casa que na altura será velha! Obviamente que todos temos de ser sensíveis à protecção da propriedade, mas neste caso passou tempo suficiente, passaram vários governos, várias autarquias e todos foram unânimes em reconhecer que era preciso demolir aquele prédio por uma questão estética e para benefício da população. Neste momento seria absolutamente incompreensível que, depois de tantos milhões gastos em expropriações, e em projectos para o novo mercado municipal, o processo ficasse ali parado, com um prédio completamente ao abandono. Imaginem se fosse uma auto estrada, um hospital, que estivesse tantos anos dependente de 11 pessoas! Aliás a própria construção deste prédio foi polémica desde o início. A construção foi decidida ainda antes do 25 de Abril, em 1973, e o município de Viana nunca concordou com o prédio, nem sequer o município do tempo do estado novo! A primeira proposta para demolir o prédio foi feita logo em 1975. A partir de 2000 houve uma conjugação de vontades entre o município de Viana e o estado, concretizada no programa Polis, que possibilitou arranjar verba suficiente para ressarcir os moradores. Por causa deste prédio, ali no centro da cidade, a destoar de todas as restantes construções, Viana do Castelo não se pôde candidatar a cidade património da humanidade.

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