A Grécia da nossa preocupação
Estou sinceramente preocupadíssimo com a situação actual da Grécia, e da sua mais que previsível banca rota que levará, dizem com cada vez mais insistência os especialistas, à inevitável saída do euro.
O que é preciso dizer claramente é que se os gregos já estão mal, vão ficar muito pior. Muita gente ficou contente com o perdão de dívida. Eu fiquei preocupado porque percebi que seria o início do fim desta realidade Grega enquanto país da mesma moeda.
Como é do senso comum, aqueles que perderam o seu dinheiro com esta crise Grega estarão de fora, e consequentemente os tão famigerados mercados dificilmente aceitariam novamente a Grécia como país credível com quem se possa emprestar dinheiro.
Se o país está numa crise estrutural grave, se não produz o suficiente para o que consome, a solução passa sempre por recorrer ao estrangeiro. É o que se passa com Portugal, e com praticamente toda a gente que tem défices altos. Se há défice, é porque se deve dinheiro, e se há dívida alguém tem de o emprestar.
No caso da Grécia, eles pura e simplesmente não se vão conseguir financiar, o que vai levar inevitavelmente a uma ruptura da tesouraria do estado, e consequentemente o restante tecido económico vai sofrer muito mais do que está a sofrer actualmente.
Não sou de todo apologista do discurso do medo, nem sei se este caminho está correcto. Gostava no entanto de ter alternativas credíveis. Infelizmente elas não existem.
todos devemos ter consciência que a situação é grave. Se Portugal tiver de fazer o mesmo caminho que a Grécia está a fazer agora, se chegarmos a um ponto em que nem sequer internamente nos conseguimos entender para formar governo, então os agentes políticos tem de dizer claramente aos portugueses que vamos empobrecer muito mais, muito do pouco que hoje é dado como garantido vai deixar de o ser, e o problema é que se agora a esperança é ténue, no caso da Grécia ela quase que não existe.
É dura e revoltante esta realidade. Por vezes penso no quanto poderia ser viável mandarmos às malvas toda esta conjuntura, mudar completamente de paradigma. Mas depois, há a realidade actual. E esta o que nos diz? Diz-nos que apesar de todos os defeitos, Portugal evoluiu mesmo muito desde que entrou na CEE. É incomparável o país que temos hoje, e aquele que tínhamos à 27 anos, mesmo apesar da recessão que nos últimos anos se tem feito sentir.
Provavelmente, nas próximas gerações já mais teremos oportunidade de ter tanto dinheiro à nossa disposição para investir em infra-estruturas melhorando o nosso país. Se sairmos do euro, vamos ter claramente um retrocesso enorme. Para além de não termos fundos para investir, não vamos poder crescer, vamos destruir grande parte do pouco que temos da nossa economia, e para sairmos dos escombros não iríamos contar com os milhões da união europeia nem do resto do mundo capitalista, que obviamente não quereriam voltar a perder dinheiro com Portugal.
É precisamente isto que está apontado à cabeça dos gregos.
E enquanto os gregos cavam um fosso cada vez maior em relação à Europa desenvolvida, nós, aqui, continuamos a fazer política de sofá, continuamos com soundbites, o governo não consegue fazer passar a mensagem, e a oposição, por vezes adopta um discurso demasiado demagógico, muito fora da realidade. E o perigo é acontecer como na Grécia, em que as posições fiquem de tal forma extremadas, que não seja possível criar uma plataforma de entendimento, e comece a reinar a anarquia.
Aprendamos com o triste exemplo Grego, não cometamos os mesmos erros. Eu sei que é fácil ter outro discurso, mas é preciso estarmos cientes daquilo que nos rodeia, e provavelmente se continuarmos a ser credíveis podemos convencer os outros, e isso será bem mais produtivo do que nos afastarmos deles.
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