Greve diferente
Nesta greve de 22 de Março, faça algo diferente, muito mais eficaz.
À que dizer em primeiro lugar que esta ideia não é minha, mas eu aprovo-a perfeitamente, e atrevo-me a acrescentar algumas noances.
A ideia principal é que amanhã, as pessoas em vez de irem fazer plenários inúteis, alimentando uma forma de estar e de reivindicar completamente desadequada, em vez de aproveitarem o dia para irem à praia, às compras ou simplesmente passear, ficarem em casa.
Ouviram bem? Fiquem em casa, simplesmente isso, não saiam à rua. Comprem os alimentos para um dia, pão, arroz, massa, carne ou peixe, e pura e simplesmente não saiam da habitação.
Se por qualquer motivo tiverem de sair, pensem primeiro se é mesmo obrigatório, e se for, não consumam rigorosamente nada. Tentem comprar tudo o que precisem no dia anterior, e convenhamos, estamos a falar apenas de um dia! Nada que não se aguente!
Se ninguém sair a rua, o país para. Não à comércio, serviços, os administradores de empresas ficam sozinhos nos seus escritórios e nas suas fábricas, o governo fica desesperado porque ninguém produz, a própria comunicação social fica à nora porque já não pode alimentar o espectáculo da greve, que não passam de um arremedo de show off entre sindicalistas e patrões, os políticos já não vão alimentar a guerra de números, a própria polícia não vai prender ninguém porque os manifestantes estão todos em casa etc.
Todos sabemos que é imperioso repensar a forma como actualmente são feitas as greves. Um conjunto de manifestações, em que por vezes se cingem a umas frases de ordem que depois não têm consequência no pós greve, e isto com o sorriso dos patrões, que por paradoxal que pareça, até ficam contentes com uma grevezinha de quando em vez, porque até poupam dinheiro em salários.
E os membros das centrais sindicais andam iludidos com esta forma de luta que já tem mais de 100 anos, e não percebem que já não estamos na revolução industrial, e que essas práticas antiquadas de luta, já não servem para os nossos tempos.
Daí, como forma de ultrapassar este marasmo, à que ter ideias arrojadas, diferentes, revolucionárias, e pacíficas. Este aspecto é importante. Infelizmente não falta quem se aproveite das greves para criar tumulto e armar confusão, e obviamente isso é sempre aproveitado pelos mais puritanos para criticarem os manifestantes, quando esses puritanos se esquecem que muitas vezes quem provoca a confusão nada tem haver com as greves, e só querem aparecer pelos piores motivos.
Por outro lado, creio que faz mesmo falta uma greve que pare com o país de uma forma desorganizada e pacífica. Creiam que se conseguirmos isso, nem que paremos o país durante dois ou três dias, nada será como dantes, e muita gente podia ganhar apoios estatais e o reconhecimento da opinião pública.
Neste caso era muito melhor estar algum tempo a pão e água, para fazer com que os nossos governantes arrepiem caminho, e percebam que quando falamos de economia, de política, de mercados, estamos em primeiro lugar a falar de pessoas, seres humanos de carne e osso.
E aqui, quando falo em governantes, falo em todos. Ouviram bem? Todos. Porque não podemos continuar a discutir partidos e regimes políticos, se não definirmos como primeira condição a implementação de políticas de e para as pessoas.
Aceitam o desafio desta greve diferente?
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