segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A pastelaria ibérica, e o grito do Ipiranga que todos temos de dar

O proprietário da Pastelaria Ibérica, está a ser vítima de uma perseguição inadmissível e pidesca, por parte de um juiz do ministério público, com a cumplicidade da GNR do posto do sameiro em Braga, que fazem a figura de bobos da corte, e que capricham para satisfazer a vontade do senhor magistrado, de tal forma que em dois meses já prenderam uma data de vezes o Senhor Sérgio, dono da pastelaria Ibérica, que agora anda nas bocas do mundo.
Para quem não sabe, interessa referir que esta pastelaria antigamente tinha licença para estar aberta entre as 07 da manhã e as 24 horas, e que à pouco tempo atrás, um juiz do ministério público, que mora no mesmo prédio da pastelaria, interpôs uma providência cautelar, para que a pastelaria em vez de fechar às 24 horas, passe a fechar às 21, e em vez de abrir às sete da manhã, passe a abrir às nove.
Inexplicavelmente, o tribunal deu razão a esta providência, de forma que a vontade do senhor magistrado têm mesmo de ser feita, e a partir das vinte e uma horas a pastelaria ibérica já não pode funcionar mais.
Se eu estivesse a adoptar uma atitude politicamente correcta, viria aqui dizer que não conheço o processo, que temos de respeitar as decisões dos tribunais, que temos de acreditar na justiça que é soberana, blá blá bla. A questão é que como dizem sabiamente os mais velhos, para se ser respeitado é preciso respeitar. E com franqueza, esta decisão judicial é na sua essência injusta, incompreensível, e seria óptimo que de uma vez por todas a justiça se abrisse ao mundo, e viesse explicar tim tim por tim tim como é possível que naquela zona existam pastelarias que podem funcionar entre as 07 e as 24 oras, que a pastelaria ibérica tinha licença para funcionar no mesmo horário, e que só agora que um juiz decidiu interpor uma providência cautelar, o tribunal tenha tomado uma decisão que objectivamente fomenta a concorrência desleal porque enquanto os vizinhos trabalham 17 horas por dia, o Senhor Sérgio apenas pode trabalhar 12. Enquanto os vizinhos podem facturar no pequeno almoço, o Senhor Sérgio praticamente não pode, e enquanto os vizinhos podem facturar depois do Jantar, o Senhor Sérgio infelizmente não pode.
porquê? Por uma razão simples! O Senhor Sérgio teve o azar de abrir um negócio num prédio onde morava um meritíssimo juiz. Reparem que infelizmente tive de escrever meritíssimo juiz com letras minúsculas, tal é a repugnância que falo deste caso, e deste comportamento autoritário.
Não compreendo também porque é que a comunicação social, pese embora ter dado destaque a este caso, se tenha limitado a analisar isto com demasiados cuidados, pinças que lamento dizer não puseram o dedo na ferida. E creio que devemos de uma vez por todas vir a terreiro dizer alto e bom som que isto não pode ser! Os Juízes, esses profissionais que são pagos para julgar os outros, têm de ser os primeiros a dar o exemplo. Não podemos admitir que ajam cidadãos que consigam ter influência sobre os tribunais, as autoridades, a ponto de estes obedecerem cegamente a uma providência cautelar, que faz com que às vinte e uma horas e três minutos, já lá estejam à porta da pastelaria para deter o senhor Sérgio, a fim de literalmente o chatearem, intimidarem, amedrontarem-no, num gesto de puro autoritarismo ditatorial.
Como é lógico, ninguém nos vai convencer que os senhores agentes vão adivinhar que o Senhor Sérgio não cumpre a ordem do tribunal, nem querem que acreditemos que logo às vinte e uma horas em ponto, o senhor meritíssimo juiz contacta as autoridades, e que dois minutos depois, como se viessem de avião, já estejam ali à porta da pastelaria ibérica, prontos a prender o proprietário.
Este caso sinceramente enoja-me, e peço, imploro à comunicação social que não deixe esquecer o caso, que acompanhe todos os desenvolvimentos, para ver se ao menos desta vez não tenhamos indivíduos que por ocuparem cargos de responsabilidade, se arroguem no direito de pôr e dispor das autoridades e dos tribunais como lhes convier.
Também peço aos profissionais da comunicação social que nos façam um favor. Não tenham medo! E desculpem que vos diga, mas a forma como a generalidade dos jornalistas e comentadores analisou este caso, demonstra que têm medo não sei de quê.
Querem provas? Quem é o senhor juiz que interpôs a providência cautelar? Porque não chamam os bois pelos nomes?
Aos agentes da autoridade, peço que tenham juízo e vergonha. Se um cidadão for assaltado na rua, certamente vocês demoram muito mais tempo em comparecer à ocorrência. Dêem também o vosso grito do Ipiranga, e finalmente ponham quem de direito no seu lugar, os juízes são para julgar, as forças policiais para policiar. Promiscuidade é que não.
Ao senhor Sérgio, agradeço a sua luta, continue, espero que agora entre as nove da manhã e as vinte e uma horas, você possa ter muitos clientes, eu faço questão de lá ir, porque admiro a coragem de quem não desiste e de quem ainda nos quer fazer crer que vivemos num país de direito.
Oxalá, o senhor Sérgio, pessoa que não conheço, possa vencer este caso. Que bom seria, era uma história bonita em que o mais fraco vencia o todo poderoso. Era quase que um poema, um hino à justiça, e uma derrota à prepotência, ao nepotismo, e ao autoritarismo.

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