O sindicato nacional dos maquinistas da Cp é pior do que os patrões capitalistas.

Esta greve dos maquinistas da Cp, agendada para os dias 23, 24, 25 de Dezembro e 1 de Janeiro de 2012, é a coisa mais obscena que pode haver.
Estou preocupado e apreensivo, e fico a pensar como será possível que milhares de portugueses possam estar nas mãos de estes sindicalistas irresponsáveis, radicais e insensíveis.
Esta greve é absolutamente desajustada sob todos os pontos de vista.
Começando pela época em que a greve é convocada.
Escolher o período de Natal, em que muita gente vê no comboio o principal e por vezes único meio de transporte para se juntar à sua família, é de uma falta de sensibilidade atroz.
É bom dizer que, se os senhores sindicalistas acham que estão a fazer mal aos malditos patrões enganam-se profundamente. Saibam que infelizmente os grandes prejudicados com esta greve, são os mais desfavorecidos que não têm transporte próprio, e precisam mesmo do comboio para se deslocarem nesta quadra festiva.
Os mais abastados, aqueles que supostamente instauraram os processos disciplinares aos maquinistas grevistas, têm viaturas próprias, ou até motoristas da empresa, que os transportam para onde eles quiserem, e como tal, esta greve não os vai afectar em nada.
E é importante dizer-se que os maquinistas da cp têm condições bastante especiais e vantajosas, tendo em conta a média salarial dos portugueses.
Apesar de eles serem regra geral bastante bem pagos, o que é uma grande vantagem no contexto recessivo actual, o sindicato nacional dos maquinistas, (o mesmo que convocou esta greve), paga o dia aos grevistas.
Significa isto, que qualquer maquinista pode fazer greve, que no final do mês não fica prejudicado na sua folha de vencimento.
E nesta situação do Natal e ano novo este facto pode fazer toda a diferença.
Como nestes dias de festa, é bem melhor estar com a família a festejar o Natal, do que conduzir comboios, então maravilha! Convoca-se a greve, o sindicato paga os dias, e assim eles passam o natal descansados.
À que dizer que isso é o sonho de qualquer português que seja obrigado a trabalhar nesta quadra. Ficar em casa e ganhar o salário na íntegra, é algo muito aliciante.
Efectivamente podemos colocar em causa as reais motivações dos grevistas, tanto que as razões que levam a esta greve são absolutamente hilariantes.
De grosso modo, os sindicatos estão contra o facto de a administração da empresa ter instaurado processos disciplinares a maquinistas que em greves anteriores se recusaram a cumprir os serviços mínimos.
Para que percebam como isto funciona, é preciso dizer que em cada greve que é convocada, o tribunal arbitral decide se os serviços mínimos tem ou não de ser assegurados, e estabelece igualmente quais são as ligações ferroviárias, que se tem de realizar, e respectivos horários.
Na última greve geral, convocada para 24 de Novembro de 2011,O tribunal arbitral deu ordem para que os maquinistas da cp assegurassem os serviços mínimos, e estes desrespeitaram a ordem do tribunal, e não fizeram o seu trabalho, tanto que em algumas greves a adesão foi total, o que vai contra o que o tribunal arbitral decidiu.
Como é evidente, a administração da Cp, numa atitude clara de defender os interesses da empresa, instaurou processos disciplinares a quem tinha de cumprir os serviços mínimos e não cumpriu.
É que por muito que vos custe, este país ainda não é uma república das bananas, nem felizmente está nas mãos de revolucionários, e as decisões dos tribunais devem ser respeitadas. Caso contrário, nem sequer vale a pena recorrer a eles, porque cada um faz o que quer!
Infelizmente, os senhores sindicalistas querem viver acima da lei, e agora estão a fazer uma chantagem verdadeiramente inaceitável. Como a administração da cp defendeu os interesses da empresa, os maquinistas, numa atitude corporativa mas da pior espécie, dizem que não querem trabalhar no natal e no ano novo, enquanto a administração não levantar os processos disciplinares.
No meu ponto de vista, esta greve não tem motivo válido, e inclusive deveria ser considerada ilegal. Reparemos. Quem tem o poder de decidir sobre processos disciplinares são os tribunais. Não são os sindicatos que decidem matérias que dependem da justiça.
Como se não bastasse, esses mesmos sindicatos apregoam aos quatro ventos, que esses processos são ilegais.
Muito bem, então cabe perguntar. Se são ilegais porque é que não resolvem as coisas em tribunal? De que têm medo?
Para um cidadão comum como eu que nada tem haver com este problema, pensa imediatamente nesta ideia. A partir do momento que eu acho que os processos são ilegais, tenho é de exprimir os meus argumentos nos locais próprios que são as instâncias judiciais. Não está certo, usar a força do sindicato para tentar fazer com que a empresa retire os processos. Inclusivamente isso até pode deixar transparecer a ideia que os maquinistas se portaram mal e que agora querem que o concelho de administração perdoe as falhas.
Reparem que esta atitude de não cumprir os serviços mínimos é de todo inaceitável. Reparem no caso de um cidadão que sabe da existência de uma greve, e sabe que vão existir serviços mínimos, e ao chegar ao ponto onde tem de apanhar o comboio, verifica que afinal nem sequer os serviços mínimos são assegurados.
Com certeza que é desagradável, porque uma coisa é sabermos que há greve, e temos de perceber que os serviços serão seriamente afectados. Outra coisa diferente é quando são anunciados os serviços mínimos, e à posteriori verificamos que nem esses se realizam.
Em suma, esta é uma posição de força verdadeiramente incompreensível que no meu ponto de vista retira por completo a razão da sua luta, e faz com que neste momento eles sejam um claro empecilho, e tem de ser postos na linha, porque não podemos estar nas mãos de quem tem demonstrado ser irresponsável, e nada sensível às necessidades dos mais desfavorecidos.