quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

As declarações de Passos Coelho sobre a emigração, e as reacções hipócritas de alguns actores políticos.

Este histerismo colectivo que se apoderou da nossa opinião pública por causa das declarações do Primeiro-Ministro Passos Coelho, em que incentivou os professores a emigrarem para países de língua portuguesa, a fim de aproveitar o crescimento desses países, e de colmatar possíveis lacunas, é perfeitamente injustificada.
É um facto que sob o ponto de vista político, este tipo declarações seriam perfeitamente dispensáveis. Portugal, sempre foi um país de emigração, e mesmo quando a mesma era ilegal sempre fomos para o estrangeiro, com todos os perigos que daí advinham.
Depois, ela foi legalizada, mas nunca os governantes apoiaram directamente a saída de portugueses para fora.
No entanto, creio que apesar de não ser preciso incentivar a prática emigratória, à uma coisa que todos sabemos, e esconder o contrário seria de uma hipocrisia a toda a prova.
Quando não temos oportunidade de trabalhar no nosso país, queremos ganhar a vida, ser independentes, e temos um espírito aventureiro, só há uma solução. Já que não podemos trabalhar aqui, temos de ir para fora!
Isto é tão lógico que não entendo o porquê de tanta perplexidade. Claro que todos estamos de acordo que os políticos devem criar as condições necessárias para que todos possamos ganhar a vida aqui no país. Mas enquanto isso não é possível, o que é preferível? Ir para fora ganhar experiência e recursos financeiros? Ou estar aqui no país à espera de uma oportunidade de trabalho que pode demorar anos a aparecer, e andar aí de subsídio em subsídio até à indigência?
O problema destes sound bites é que de repente fica tudo louco! Uns porque vêm falar de algo que não é preciso, porque todos sabemos que quando não se pode ganhar a vida em Portugal, temos de tentar noutro lado. Outros porque ficam muito escandalizados com isso, como se não soubessem de antemão que estamos a falar de algo perfeitamente lógico.
No meio de toda esta falta de oportunidade, ainda para mais nesta quadra natalícia, saúdo a intervenção do deputado europeu Paulo Rangel que compreendeu as declarações de Passos Coelho e disse algo muito mais verdadeiro e relevante.
Seria excelente que Portugal, tentasse criar estruturas de apoio para quem pretender emigrar, isto obviamente não obrigando ninguém a fazê-lo.
Trata-se de uma ideia muito válida e oportuna, porque já lá vai o tempo em que um português ao emigrar ficava à sua sorte. Acho que se os novos emigrantes tiverem apoio, forem estimulados a ganharem experiência realizando-se profissionalmente, é uma postura séria e honesta deste que é o nosso país. Não criar as condições para que os portugueses trabalhem cá dentro, e depois não fazer nada para que aqueles que querem trabalhar lá fora não se sintam tão desapoiados, é em primeiro lugar uma postura injusta, irresponsável e até hipócrita e humilhante para os nossos concidadãos, que querem ser independentes económica e socialmente.

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