O resgate com vida dos 6 pescadores das Caxinas foi milagre?
Todos assistimos com natural comoção ao resgate com vida, dos seis pescadores das caxinas, que estiveram 57 horas perdidos em alto mar, metidos numa balsa de salvação, com muitíssimas probabilidades de ficarem lá para sempre, visto que, infelizmente é este o destino de praticamente todos os pescadores que têm o azar de o barco que os transporta, naufragar.
Felizmente, por um golpe enorme de sorte, um helicóptero da Marinha conseguiu descobrir o paradeiro dos pescadores, e resgataram-nos a todos sãos e salvos.
Não faltou no entanto quem declaradamente começasse a atribuir ao divino esta salvação, e até em casos mais extremos, apelidaram este facto de milagre.
Não me estou a referir às populações humildes e trabalhadoras, porque essas infelizmente, fruto de tanto infantilismo que foram vítimas até aos dias de hoje, continuam a atribuir a Deus estes fenómenos que de sobrenaturais não têm nada, esquecendo-se que se os 6 pescadores estão vivos, isso deve-se à sorte numa primeira instância, e numa segunda instância aos profissionais da marinha que os resgataram, sendo de facto uns autênticos heróis.
Mas houve quem Chegasse inclusive a insinuar que um dos factores que terá contribuído para a salvação deles, era o facto de o navio ter o nome de virgem do Saveiro.
Mas sejamos claros. Quem por ventura evocar o nome de Deus para justificar o sucesso desta operação, está a cometer um pecado mortal, porque automaticamente está a evocar o santo nome de Deus em vão.
Se fosse Deus quem salvasse os pescadores, isso seria motivo para que todos o afastássemos das nossas vidas. Então só salvou estes? E os 84 das caxinas que ficaram no mar nos últimos 30 anos, também não mereciam ser salvos?
Com franqueza, esta ideia de milagre é altamente perversa. Porque carga de água sou eu que tenho direito ao milagre, e o meu irmão não tem direito? Que mais tenho eu do que ele?
Percebem porque é que eu digo abertamente que os milagres não existem?
Se Deus fosse um milagreiro como muitas vezes o pintam, então temos que dizer que ele seria um monstro, porque só fazia milagres a umas pessoas, e deixava que a terra se destruísse por si.
Como poderíamos continuar a adorar um Deus que podia resolver os problemas e não resolvia?
Então não somos nós homens que criamos as coisas terríveis que acontecem na terra? Que culpa tem Deus disto?
Humanamente, é perfeitamente compreensível que um homem quando sabe que tem uma fortíssima probabilidade de morrer no mar, se agarre a tudo quanto pode para de certa forma continuar a ter a esperança na salvação. Mas racionalmente, creio que é um pretensiosismo enorme achar que Deus ia preferir salvar aquela pessoa em detrimento do colega que antigamente também se tinha afundado no mar, e ficou lá para todo o sempre.
Não concordam que Querer puxar assim Deus para o nosso lado é digamos que oportunismo?
reparem, eu percebo a mentalidade daqueles homens. Infelizmente, eles foram educados assim e naturalmente agiram porque estavam aflitos e queriam agarrar-se a qualquer coisa. Mas porque não sermos um pouco racionais, sobre tudo nós que não estivemos directamente ligados a este caso, e dizermos que isto não foi milagre, que Deus não quis salvar estas pessoas em vez das outras, mas sim ocorreu um conjunto de factores muito felizes, que possibilitou que fossem reunidas uma série de condições essenciais, para que os pescadores fossem resgatados?
Esta é em minha opinião a única forma de analisar correcta e convenientemente este caso.
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