segunda-feira, 31 de outubro de 2011

As subvenções vitalícias dos Políticos portugueses.

Costuma dizer-se que “o sol quando nasce é para todos”. Neste caso concreto, a crise quando vem, também deveria ser para todos. Ou melhor, para quase todos!
Desde 1985 que os políticos no activo se podem candidatar a uma subvenção vitalícia.
Na altura em que esta benesse foi criada, o tempo de serviço que um político tinha de ter para se candidatar era de oito anos, sendo que em 1995 esse período passou para doze, e em 2005, esta medida foi revogada, mas todos aqueles políticos que antes de 2005 ocuparam cargos públicos podem candidatar-se à subvenção.
Esta benesse é tremendamente injusta.
Se qualquer um de nós precisa de trabalhar até aos 65 anos para alcançar a reforma, porque é que com os políticos é diferente?
Mais grave ainda é a justificação oficial que esteve por detrás da implementação desta medida, que se prende com o alegado facto de muita gente quando saía da política não conseguia encontrar trabalho, e esta subvenção seria de certa forma uma recompensa por esse facto, e também pelo serviço público que a pessoa prestou.
Todos sabemos que esta justificação é altamente demagógica. Porque como a história recente nos comprova, aquilo que verdadeiramente é rentável neste momento é ser eis político, e não propriamente político no activo.
Temos imensos casos de eis políticos que agora são administradores de empresas, de grandes grupos económicos etc. E há que dizer que muitas vezes a pessoa só conseguiu chegar até onde chegou, porque exerceu funções políticas que lhe permitiram abrir um conjunto de portas, que de outra forma estariam vedadas, não tenho nenhuma dúvida!
E creio que este facto é que assume contornos de escândalo. Porque neste caso temos um político que se aproveita do cargo que ocupou para subir na vida, e que como prémio ainda recebe uma subvenção vitalícia.
E como se não bastasse, muitos desses eis políticos que também são opinian makers, acabam por vir ajudar o poder instituído neste discurso a favor dos sacrifícios, da austeridade e da poupança.
Que moral tem essa gente que vive com ordenados chorudos, que aufere rendimentos no meu ponto de vista pelo menos imorais, para não dizer ilícitos, em apelar a quem vive do seu trabalho que aperte o sinto e que faça sacrifícios?
Aquilo que qualquer governo intelectualmente honesto deveria fazer era pura e simplesmente terminar com estas subvenções. Pelo menos aquelas em que cujo os seus beneficiários têm rendimentos declarados.
Se não o fizerem, sinceramente perdem toda a moral para continuarem a executar o plano de austeridade. E não me venham com esta conversa de que são só oito milhões por ano, e que isso é uma gota no oceano. Até admito que isso é verdade. Seria demagógico se dissesse que é por causa destas subvenções vitalícias que o país está no estado em que está. No entanto, independentemente dos valores em causa, estamos a falar de pessoas que têm um benefício que o comum do cidadão não tem, e sobre tudo um benefício muito injusto e desadequado porque praticamente todos esses eis políticos que auferem a subvenção continuam a trabalhar, e muitos deles com rendimentos bem mais avultados do que os que auferiam quando eram políticos.
E nós não podemos ver estas questões apenas sob o ponto de vista dos números. Temos de analisar isto à luz da moral, até para que se continue a ter legitimidade para pedir sacrifícios ao povo português.

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