A geração dos 500 euros.
ao longo destes anos, sempre se falou na chamada geração dos 500 euros.
Pessoas que trabalhavam praticamente para comer e habitação, ou seja, o mesmo é dizer, gente que trabalha para sobreviver.
No entanto, a partir desta situação nova que resultou do memorando da Troika, por incrível que pareça, esta geração tem-se livrado de pagar a crise, pelo menos directamente.
Senão vejamos.
Esta semana no Porto e em Lisboa, foram colocados à venda os passes sociais a preços reduzidos. A questão é que só quem ganha os tais 500 euros que corresponde como sabem ao salário mínimo garantido, pode usufruir dessa benesse.
Aí temos uma vantagem exclusiva de quem não trabalha e da geração dos 500 euros.
Com o corte de uma parte significativa do subsídio de Natal, passou-se exactamente a mesma coisa. Aqueles que ganham o ordenado mínimo não vão ser afectados.
Como não há duas sem três, os que ganham 500 euros também não vão ter grandes problemas no IRS por causa dos cortes nas deduções fiscais, enquanto por sua vez aqueles que estão num escalão acima vão sofrer e não é pouco!
Neste momento, por incrível que pareça, os desempregados, os pensionistas e os trabalhadores com ordenado mínimo são os que acabam por de certa forma escaparem à crise.
Obviamente que de outra forma não podia ser. Como é lógico a geração dos 500 euros não pode arcar com o ónus da crise, porque até têm dificuldade em garantir o pagamento de despesas inerentes a sua subsistência. Mas não deixa de ser curioso que a geração que se dizia ser o parente pobre da nossa sociedade, com este memorando da troika, acaba por ser poupada, enquanto aqueles que ganham um pouco mais, e que à uns anos estavam mais desafogados, são agora apanhados nas malhas da crise, e se analisarmos bem, com os cortes que aqueles que ganham 800 a 900 euros têm sido alvo, é nem capaz que a qualidade de vida entre a geração dos 500, e a dos 800 esteja nivelada. É pena que a nivelação seja por baixo e não por cima.
Muitos caros leitores estarão neste momento a pensar, que seria bem melhor ganhar mais do que o salário mínimo, mesmo tendo de contribuir para ajudar a resolver a crise.
Claro que eu concordo, mas uma coisa aqueles portugueses que estão naquela facha salarial entre os 800 e os 900 euros, que com os encargos que são sujeitos, ficam com o rendimento seriamente afectado, e outra coisa bem diferente são aqueles que auferem salários por exemplo de 1500 euros ou mais, em que apesar de até terem de contribuir mais do que os anteriores, acabam por ficar mesmo assim com um rendimento bruto muito simpático.
Por isso, se me disserem que eu não me importava de pagar aquilo que pagam aqueles que ganham mais de 1500 euros mensais estou de acordo. Quanto aos que ganham menos, acaba por ser de certa forma injusto relativamente aos que ganham o salário mínimo, mas é a vida! Desde logo o pagar uma dívida que não se fez é tremendamente injusto, ganhe a pessoa 1000, 2000, ou até 10000 euros!
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