sexta-feira, 2 de setembro de 2011

A salvação do mundo está na sanita?

Ainda bem que não se ficou apenas pela leitura do título deste texto.
Na verdade, hoje a sanita assume um papel muito preponderante no nosso dia a dia, e merece que reflictamos sobre ela, sob um ponto de vista construtivo.
Actualmente, mais de um milhão de crianças em todo o mundo morre por causa da diarreia.
Para que esta calamidade pudesse ser evitada, bastava que houvesse água potável em todo o planeta, e condições sanitárias condignas à vida humana.
A pensar nisto, um dos homens mais ricos do Mundo, no caso o dono da Microsoft, através da sua fundação, a Bill e Melinda Gates, propõem-se dar uma ajuda no combate desta tragédia à escala mundial.
Para tal, a fundação, lançou um programa para reinventar a sanita, e reutilizar os nossos dejectos, seguindo aquele princípio basilar, de que na vida nada se perde, tudo se transforma.
O programa prevê o investimento de 3 milhões de dólares em oito grupos de pesquisa.
Os cientistas devem criar sanitas que transformem dejectos em energia e água reutilizável e que funcionem sem rede de esgoto.
Segundo a revista americana The Atlantic, algumas ideias já estão lançadas, e deverão ser ensaiadas brevemente.
Uma dessas iniciativas passa por inventar dejectos para criar o fertilizante biochar. A experiência Deve ser testada em breve no Quênia.
Esta ideia nasceu na Universidade Stanford (EUA).
Uma outra ideia vem da Universidade Técnica de Delft (Holanda), e passa por criar uma sanita que use o micro ondas para gerar electricidade a partir dos dejectos.
Deixo só outra ideia que vem do Instituto de Tecnologia da Califórnia, e que passa por aproveitar a luz solar para transformar fezes e urina em hidrogénio, armazenado para uso nocturno da sanita.
Em todas estas iniciativas, à um denominador comum. É preciso aproveitar os dejectos do homem para reutilizar noutras vertentes, para que não nos possamos dar ao luxo de desperdiçar recursos que vão fazer falta a outras zonas do planeta em que eles não abundam.
No entanto, trago agora à coacção outro aspecto que me parece importante, que é a relação entre aquilo que vimos anteriormente, e a nossa alimentação.
É sabido que regra geral nós comemos muito mais do que precisamos. Isso traz desde logo uma consequência lógica. Se ingerimos mais alimentos do que é preciso, vamos ter de usar muito mais a sanita!
Numa altura em que tanto se conjectura aquilo que será a evolução da espécie humana, à uma vertente que a mim particularmente me fascina, embora me traga um sentimento contraditório.
Passo a explicar.
Eu sou alguém que gosto imenso de comer. Para mim, saborear um bom alimento é um prazer indescritível. E gosto de fazer uma refeição bem acompanhado, com boa comida, mas muito importante também, boa conversa e bom convívio.
Creio porém, que num futuro não muito longínquo, a forma como nós actualmente concebemos e praticamos as nossas refeições, vai passar à história.
Muitos cientistas, defendem que no futuro passaremos a comprar comida desidratada e compactada, que imaginem, até a poderemos transportar nos bolsos.
Para que a comida possa ser ingerida, basta juntar-lhe água. Já viram o quanto isto é prático?
A grande revolução, é que desta forma a comida será digamos assim o nosso medicamento, e iremos chegar a uma altura em que cada um de nós vai ingerir exactamente aquilo que precisa para viver, nada mais. Neste caso os mercados passarão a ser uma espécie de farmácias, onde cada um de nós irá poder comprar o seu pacotinho de comida para consumir. Assim, quem precisa mais de ferro, ingere alimentos ricos em ferro, e assim sucessivamente.
Reconheço que esta é uma ideia que me fascina. Apesar de gostar muito de comer, estou perfeitamente preparado para substituir este prazer por outros que me preencham tanto ou mais.
Provavelmente, as refeições já não serão pretexto para nos sentarmos à mesa com pessoas de que gostamos para conversarmos. Mas e se em vez de usarmos as refeições como pretexto, passarmos a usar os livros, a música, o cinema, o teatro, em suma a arte? É fantástico, não é?
E com toda esta revolução, a sanita bem que pode passar a ser um objecto relegado para segundo plano.
Se apenas ingerimos aquilo que precisamos, vamos criar muito menos dejectos, ou até quem sabe, deixaremos mesmo de os criar, porque provavelmente não vamos precisar de expelir nada do corpo, porque todas as calorias que ingerimos são aproveitadas integralmente pelo nosso organismo.
E neste caso, será que a salvação do mundo continua na sanita?

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