Concerto de Zé Amaro em Aveleda Braga
Neste Domingo à noite, a música sertaneja inundou a freguesia de Aveleda.
Estas festas 2011 em Honra de Nossa Senhora do Parto, terminaram da melhor forma, com um espectáculo do Cantor Zé Amaro, e a sua banda.
Conheço este artista à vários anos, mas nunca tinha tido a oportunidade de assistir a um concerto. Fiquei surpreendido pela positiva.
Amigos meus que gostam deste tipo de música, já me tinham dito que Zé Amaro revelava um bom desempenho ao vivo.
Ontem pude confirmar este facto. Em minha opinião, Zé Amaro em palco é ainda melhor que nos discos.
Eram cerca de vinte e duas horas, quando o responsável pela empresa de espectáculos encarregue de organizar este evento anunciava sem grandes formalismos a entrada em Palco do artista convidado da noite.
E o início do espectáculo foi como eu gosto. Muito simples, sem grandes parangonas nem espalhafato, e com uma música popular, tocada numa espécie de ritmo country, no caso as mocinhas da cidade.
De seguida desfilaram mais um conjunto de cantigas muito animadas: O Agarradinho na tua cintura, a linguaruda, bebo pacarai, fosquinha da vizinha.
Depois deste registo, Zé amaro interpretou uma balada de amor, “leva-me o recado pombinha”, que deu ao espectáculo um registo um pouco mais intimista, porque do palco foram lançadas pombas, gesto que ilustrou a interpretação que tem letra e música do próprio Zé Amaro.
O espectáculo continuou com muita animação, sendo que um dos pontos altos foi um medley que levou a plateia ao rubro:
Também, não era para menos! Quanto se junta a sola da bota, o mexe mexe que é bom, vai sobrar mulher, morena ai ai, a mulher chorona, o alô galera bate a mão e bate o pé, só pode dar entusiasmo e festa.
Como se não bastasse logo a seguir a este medley, Zé Amaro cantou duas músicas que são autênticos hinos das gentes do Minho, como são os casos da Senhora Cegonha e da Roseira enxertada.
Gostei muito da forma como decorreu o espectáculo. Zé amaro pareceu-me um artista humilde, sério, e que dá tudo o que tem em palco.
Destaco como nota muito positiva o profissionalismo de toda a equipa do artista, desde os músicos, as bailarinas até como não pode deixar de ser, à equipa técnica.
Quem vê este espectáculo chega à conclusão que isto até parece fácil!
Mas de facto não é. Só com uma planificação cuidada e minuciosa do concerto, a qualidade dos profissionais, o entrosamento empenho, é que as coisas saem como se viu esta noite.
Também realço positivamente o facto de Zé Amaro não criar tempos mortos no espectáculo. Sabe bem ver que a música e a voz são a arma que eles usam para conquistar o público, e não o palavreado, que em muitos espectáculos concedidos por outros artistas não passam do simples enchimento de chouriços.
Neste espectáculo de Zé Amaro não foi isso que se passou. As palavras foram poucas, suficientes, e sobre tudo certeiras, que serviram para ajudar a criar um clima de festa, de entusiasmo e em alguns momentos intimista.
O concerto durou sensivelmente 120 minutos, e terminou com o fosquinha da Vizinha, eram cerca de 24 Horas. Foi pena que tenha repetida uma música. Confesso que não gosto nada quando elas se repetem num concerto. Não era preciso. Zé Amaro tem um repertório vasto e não precisava de cantar duas vezes o mesmo tema.
Foi pena que isto tenha acontecido, mas não belisca no meu ponto de vista um concerto muito bom, e espero que na próxima época Zé Amaro possa continuar a surpreender positivamente o seu público.
Outra nota positiva que apesar de ser extra espectáculo merece ser realçada tem haver com o som que se ouvia no recinto da festa.
Ao contrário das habituais campanas de feira que se usam, desta vez a comissão optou por umas colunas normais espalhadas pelo recinto que transmitiam um som nada incomodativo e barulhento.
À no entanto uma nota fortemente negativa que tem de ser abordada, que foi o atraso do espectáculo. Não sei porquê, os concertos em Portugal parece que nunca começam a horas, será promessa?
Ontem o atraso foi particularmente irritante.
Era para ser às 21:00, depois passou para as 21:30,
e finalmente para as 22:00.
Não sei de quem foi a responsabilidade, mas foi particularmente enervante verificar que às 21:45, hora em que Zé Amaro deveria já estar a actuar, ainda terem a distinta lata de fazerem um sorteio.
Tudo bem que os prémios até não eram maus! Um telemóvel, Uma máquina de engomar a vapor, uma máquina de café, e um LCD, são prémios aliciantes. Mas muitos como eu que lá estavam não jogamos, logo o sorteio não nos dizia nada, e podia muito bem ter sido feito noutra altura.
Eu cheguei às 20:40 e o recinto já estava bem composto. Bem que podiam ter feito o sorteio por essa altura.
Assim acabaram por enervar muita gente, e criaram aquilo que eu considero uma falta de respeito gritante para todo o público que foi ali passar o seu Domingo à noite, véspera de uma semana de trabalho.
O facto de eu ter chegado bem cedo para ver o concerto, permitiu-me chegar à conclusão que Zé Amaro tem muitos fãs e que sobre tudo as fãs são muito empenhadas, por vezes até histéricas, e já criam ali uma ambiência quase que de uma boys band, embora desta vez a média de idade das fãs seja um pouco maior do que as tradicionais adolescentes que apaparicam as boys band.
De qualquer forma, isso mostra a força e o sucesso que Zé Amaro tem granjeado, e diga-se o que se disser, isso é que verdadeiramente conta!
Finalmente, uma das coisas mais importantes, e que embora não tenha a ver com este espectáculo é algo que já à muito eu reparei na forma de cantar do Zé Amaro.
Em minha opinião, ele abrasileirisa demais as suas cantigas e também a sua forma de estar.
Creio que é muito mau, porque, apesar de querermos fazer um espectáculo animado, apresentar uma espécie de música sertaneja, acho que vale apena investir em letras que se adeqúem mais ao vocabulário português de Portugal.
É curioso que até a música leva-me o recado pombinha tem termos abrasileirados, quando segundo o próprio artista Zé Amaro, foi ele quem inventou a letra e música.
Mesmo durante o espectáculo ele utiliza muitos termos do Brasil. É pena, eu muito gostava que ele ficasse 100 % português de Portugal. Não é um problema exclusivo do Zé Amaro. Hoje, muitos artistas quase que se limitam a irem buscar as músicas brasileiras e fazerem pequenas adaptações.
Mas Zé Amaro e todos os outros artistas que enveredam por este sistema deviam deixar de ser preguiçosos. Se não conseguem criar coisas novas, e apenas fazem adaptações, ao menos que retirem os termos do Brasil e substituam-nos por termos de Portugal.
Assim, o português de Portugal fica tão mal tratado meu deus!
Zé Amaro, se quer ser realmente um cantor de tope, terá de ter isso em conta, porque a diferença entre os muito bons e os simplesmente bons pode estar muito bem nestes pormenores. E Zé Amaro tem talento, tem qualidade, criatividade, sabe estar, tem experiência, seria uma pena que ele se tornasse um artista brasileirez vulgar, só porque lhe deu a preguiça em cantar coisas no nosso idioma, usando a cultura destas gentes que ele certamente tão bem conhece.
Sem comentários:
Enviar um comentário