A guerra dos árbitros com o Sporting, e a pseudo intenção de proteger o futebol.
Esta guerra entre os Árbitros e o Sporting já à muito ultrapassou as raias do razoável.
Na semana passada foi João Ferreira que se recusou a arbitrar, esta jornada vamos ver quem vai ficar doente.
É verdade que os responsáveis pelo Sporting falaram de uma forma contundente da arbitragem, nomeadamente o Presidente, e o responsável Carlos Freitas.
Mas no meio de tanto ruído, não sabemos bem o que é que os árbitros pretendem.
E aqui temos desde logo esta diferença. É que da parte do Sporting, sabemos as queixas que os responsáveis apresentam, e temos de reconhecer que, pese embora a forma como se expôs o problema poder ser discutível, o conteúdo das críticas é inteiramente justo. E isso é algo que eu não vejo ser discutido, com muita pena minha, porque estamos a cometer o erro de analisar a forma do discurso, e não o conteúdo, que apesar de tudo é bem mais importante.
O discurso dos árbitros é por sua vez muito mais confuso, quer na forma quer no conteúdo.
Aquilo que eles pretendem é que os responsáveis do Sporting peçam desculpa. Cabe perguntar desculpa de quê? Do conteúdo das queixas, ou da forma como elas foram feitas.
É que se falamos na forma como elas foram feitas, creio que a liga de clubes de futebol profissional tem órgãos próprios que podem punir os responsáveis por essas declarações. Não faria sentido prejudicar uma equipa inteira, pelas declarações de um dos seus membros, mesmo sendo ele o responsável.
Aceito que nomeadamente o Presidente do Sporting Clube de Portugal, Engenheiro Godinho Lopes, se excedeu verbalmente nos considerandos que fez relativamente à arbitragem do jogo da primeira jornada. Mas, creio que aqui é a liga de clubes que tem de actuar disciplinarmente contra ele, e não os árbitros que têm de fazer justiça pelas próprias mãos.
Ninguém aceitaria que um jogador que lhe tivessem anulado um golo limpo, se recusasse a jogar na partida seguinte, como retaliação.
Agora, se os árbitros acham que estão a ser injustiçados, aí o caso pia mais fino, porque de facto o Sporting tem razão em se sentir lesado, porque o empate que a equipa obteve no primeiro jogo foi manifestamente influenciado pelo desempenho do árbitro. E é perfeitamente lógico que uma equipa que empata o primeiro jogo por causa de erros grosseiros de arbitragem se sinta injustiçada, e que venha a público dizer exactamente isto.
Também não deixa de ser verdade que nestas duas jornadas, tanto Benfica como o Porto já foram beneficiados pelas arbitragens. O Benfica foi beneficiado na primeira jornada, e o Porto foi beneficiado nos dois jogos.
Este facto também não pode ser ignorado porque se o Sporting está na luta pelo título, se os outros dois rivais que lutam pelos mesmos objectivos são beneficiados pelas arbitragens, e se o Sporting pelo contrário, para além de não ser igualmente beneficiado, até acaba por ser prejudicado, é normal que os sportinguistas se sintam injustiçados.
À que dizer também, que nunca me nenhuma circunstância, os árbitros fizeram boicotes a jogos de clubes. E esta atitude é altamente perigosa, porque vamos haver se quando for outro clube a pôr-se em bicos de pés, os árbitros vão ter coragem para tomar a mesma atitude. Com franqueza acho que não. Não estou a ver os árbitros a fazerem boicote aos jogos do Porto, tal é a subserviência que eles tem para com aquela instituição, ou até pelo Benfica, aqui por outros motivos, nomeadamente a importância que aquela instituição tem na opinião pública desportiva e não só.
Tomar uma atitude destas para com uma equipa que está digamos assim na mó de baixo, porque veio de uma época desastrosa, está agora a iniciar um ciclo, é fácil, e até pode servir para marcar uma posição, no fundo para se emanciparem.
Mas convenhamos que para o futebol, isto é péssimo porque demonstra um corporativismo injustificado, e uma falta de sensibilidade para os avultados investimentos que o Sporting fez, e que podem ser seriamente postos em causa por causa de erros graves de arbitragem.
Não ver isso é não ver o óbvio, e fecharem-se numa redoma de vidro.
Todos sabemos que muito provavelmente, o actual presidente da Liga de Clubes vai entrar em campo, e vai mediar o pseudo conflito. Mas isto vai deixar marcas no futuro. E à um alerta que faço desde já. Todos nós sabemos que no último terço do campeonato, as críticas às arbitragens tendem a agudizar-se. Eu quero ver se nos jogos decisivos da prova, os árbitros vão tomar a mesma atitude, e também se o presidente da liga Fernando Gomes vai assumir o papel de apaga fogos.
É que uma das coisas mais difíceis de se manter na vida é a coerência. E eu estou muito curioso em saber se estes árbitros que se mostraram agora muito indignados com os responsáveis do Sporting, vão ter a mesma atitude noutras circunstâncias idênticas.
Não defendo que se faça uma guerrilha permanente às arbitragens. Mas também os árbitros não podem achar que são intocáveis, que vivem acima da crítica, num mundo irreal, tudo isto sob a capa da protecção da modalidade.
É que se queremos proteger a modalidade, comecemos por coisas bem mais graves e prejudiciais.
Porque não, punir seriamente aqueles dirigentes, jogadores e treinadores que se envolvem em picardias verbais antes dos jogos, e que depois isso se transporta para a maneira de actuar das claques organizadas? A falta de segurança creio que é bem mais grave do que as críticas à arbitragem!
Se o futebol sempre foi um desporto de família, e se nos dias de hoje é praticamente impossível ir uma família assistir a um jogo, é motivo para alarme, e para que se tomem medidas para aí sim proteger a modalidade e os espectadores.
Não sendo naturalmente sportinguista, fico triste pela forma como esta instituição tem sido tratada, e pela forma que árbitros e as instituições desportivas, a tem votado ao desprezo.
Qualquer adepto sério quer ganhar em campo de uma forma justa, limpa, sem este estardalhaço que sinceramente prejudica muito o futebol, isto apesar de quem o provoca o diga à boca cheia que é para o proteger!
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