quarta-feira, 18 de maio de 2011

Pedro Passos Coelho e as novas oportunidades para a continuação do disparate político

Pedro Passos Coelho continua a cometer erros grosseiros na comunicação e na forma como faz passar a sua mensagem.
Esta recente declaração sobre o programa novas oportunidades, representa o paradigma maior daquilo que acabo de escrever.
Curiosamente, no fundo, Passos Coelho até tem razão em trazer este assunto para a agenda política, isto porque, apesar de no global esta ter sido uma das grandes realizações do governo de José Sócrates, há obviamente imensos pontos a corrigir, até para tornar mais séria esta certificação.
Mas a forma como Passos Coelho pôs o problema, é absurda. Primeiro, este programa não certifica a ignorância. Quanto muito, e se Coelho quisesse mesmo dizer que os cidadãos que foram certificados não adquiriram competência nenhuma, deveria dizer precisamente isto. Ou seja, que este programa apenas veio dar diplomas e não competências, o que se isso fosse verdade, seria naturalmente bem grave.
Mas Coelho afirmou esta coisa espantosa. Afinal isto certifica a ignorância! Das duas uma. Ou todos os que fizeram o programa das novas oportunidades são ignorantes, ou então pior ainda, quando acabam de o fazer, os cidadãos ao invés de aprenderem, imaginem, até desaprendem! É isto que se depreende das palavras de Passos Coelho, porque se as pessoas antes de frequentarem o programa não são ignorantes, e quando terminam passam a estar certificadas na ignorância, isto é, são oficialmente ignorantes, é sinal que o programa é tão mau, que em vez de fazer com que se aprenda pouca coisa que seja, faz com que se desaprenda, até que as pessoas que o fazem passam a ser efectivamente ignorantes.
Naturalmente, a argumentação de José Sócrates não se fez esperar, e naturalmente ele tem toda a razão. Passos coelho usou uma terminologia particularmente parva e insultuosa.
E mais uma vez Paulo Portas, deu uma lição da forma como se lida com estes casos, dando até para apelidar este programa de uma maneira que eu considero particularmente feliz: “as novas facilidades”. É Passos Coelho a meter os pés pelas mãos, e Portas a fazer de bonzinho a ganhar pontos e mais pontos. Pelo andar da carruagem, se a campanha tivesse três meses mais, ao invés das três semanas que faltam para o acto eleitoral, não sei se Portas não seria o líder da direita portuguesa! É que Passos Coelho e seus pares têm cometido mesmo muitos erros.
E os adversários políticos naturalmente aproveitam-nos.
Espero que este assunto possa ser discutido sem este fediver, porque verdadeiramente, é preciso saber se as pessoas que fazem as novas oportunidades conseguem tirar partido desse esforço, se o grau de exigência está ou não adequado ao contexto de cada grupo populacional, e mais importante, é obrigatório no meu ponto de vista que se crie uma faixa etária mínima para aceder ao programa, por exemplo 35 anos.
Não é justo que um jovem deixe de estudar aos 18 anos, e aos 21 vá para as novas oportunidades, fazer o décimo segundo ano com muito menos esforço, prejudicando aqueles que estudam no ensino regular, que como sabem estão sujeitos a um sacrifício e a um grau de exigência muito maior.
Mas infelizmente, estou a pedir o impossível, discutir neste momento este assunto, com a serenidade e a ponderação que o mesmo merece, depois de umas declarações verdadeiramente hilariantes e facilmente caricaturáveis, como as que foram proferidas pelo líder do Psd, é manifestamente pedir o impossível!

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