quarta-feira, 18 de maio de 2011

A final da Liga europa, e o paralelo com a final da Taça de Portugal

Esta discussão à cerca do local onde se deve realizar a final da taça de Portugal, conheceu um desenvolvimento absolutamente invulgar, e indigno para os agentes desportivos que teimam em manter esta polémica.
Cada vez que o Porto chega à final, o assunto entra na ordem do dia. Tudo isto por uma birra pessoal de Pinto da Costa e outros dirigentes, que teimam em considerar o estádio do Jamor, não como o estádio nacional como ele é, mas sim como estádio de Oeiras.
Não sei se isso é uma forma de distinguir aquele concelho que alberga o estádio nacional, mas que eu tenha conhecimento, o Presidente Isaltino Morais ainda não veio a terreiro agradecer tamanha deferência! O que eu sei é que não deixa de ser triste e ridículo, este argumentário repetido até à náusea, ainda por cima este ano, em que os finalistas são duas equipas do norte. Ora aí estão reunidos todos os condimentos para uma boa especulação à cerca do local do jogo.
Se até agora, ainda havia legitimidade para discutir esta questão, ela esfumou-se por completo por causa da final desta inédita liga Europa.
Se no caso da final da taça de Portugal as duas equipas em confronto são do norte, e mesmo assim vão ter de ir jogar a 300 quilómetros de distância, esta final da liga Europa, que também tem duas equipas do norte, vai ter de ser jogada a mais de 3000 quilómetros de distância. Curiosamente, como esta prova é organizada pela Uefa, ninguém colocou em causa este facto, e sequer ousou sugerir que por exemplo a final se realizasse excepcionalmente em Espanha por exemplo, ou até mesmo em Portugal, como seria mais que compreensível.
Mas sabemos que seria impossível tendo em conta as regras da Uefa. Já todos sabem que os estádios das finais são decididos no início da época, e que isso é inalterável seja quais forem as equipas envolvidas.
Se fosse possível alterar o estádio das finais, então a prioridade seria mudar o Estádio do Emblei, visto que esta final da liga dos campeões vai ter em confronto uma equipa inglesa, que vai portanto jogar no seu país, contra o Barcelona de Espanha.
Mas a lição que devemos retirar, na comparação que faço relativamente a esta polémica parva relacionada com a taça de Portugal é a seguinte:
Se toda a gente sabe das regras da Uefa, e encara-as com naturalidade, porque é que o mesmo não se passa relativamente às regras da federação portuguesa de futebol?
Será que a Uefa tem legitimidade para ser rígida e irredutível, e a Fpf não tem? Qual a diferença? Se todos já sabemos que a final para já se realiza sempre no Jamor, e que no dia em que isso não acontecer, o local terá de ser designado pelo menos uma semana antes de se iniciar a prova, porque é que cada vez que o Porto vai à final, o assunto salta para os jornais, e Pinto da Costa decide assumir um protagonismo bacoco e parvo?
Não seria melhor matar este tipo de fediveres como se faz em relação às provas organizadas pela Uefa, onde estas questões nem sequer se discutem?
É uma prova que o poder é efectivamente viciante, e que cada vez que os dirigentes podem dar uma bicada não hesitam. Sorte ou azar, é que no que concerne às provas europeias, os nossos dirigentezinhos de trazer por casa não têm voto na matéria, nem são tidos nem achados. Infelizmente para o futebol português, e para a qualidade do dirigismo desportivo que temos, ainda bem que na Europa as coisas são diferentes!
É triste chegar à conclusão que continuamos a ter pessoas com responsabilidade que pensam que tudo o que vem do estrangeiro é bom e inquestionável, e só aquilo que nós temos no nosso país se pode pôr em causa, mesmo que por paradoxal que seja, as regras do estrangeiro neste particular sejam exactamente as mesmas que as nossas!

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