todos podem criticar, mesmo aqueles que não vão votar
O Presidente da República, na sua mensagem onde apelou ao voto nestas eleições legislativas, utilizou aquilo que para muitos já é uma verdade lapaliciana, mas que é no meu ponto de vista falaciosa, e importa desmistificar de uma vez por todas.
Cavaco Silva referiu que quem não fosse votar, não tinha legitimidade para criticar a actuação do governo.
Nada mais falso!
Por acaso eu vou votar, e também acho que todos devíamos participar no acto, nem que seja para votar em Branco, porque o demitir-se desta tarefa, pode ser considerada uma atitude cobarde. Mas dizer que quem não for votar não pode condenar a postura do governo, é demasiado exagerado e insultuoso para a minha inteligência.
Primeiro, aqueles que não vão votar são contribuintes, e como sujeitos que pagam os seus impostos, têm o direito de saber para onde vai esse dinheiro, e podem opinar sobre a forma como ele é gasto.
Segundo, temos imensas razões que podem provocar uma abstenção. Doença súbita, trabalho em cima da hora, em fim, existem variados motivos que podem contribuir para que determinado cidadão não possa mesmo ir às urnas.
E esses, também não podem criticar? Ou quando o fizerem vão precisar de um atestado médico que comprove o seu problema de saúde?
Na verdade, uma coisa é criticar, outra é condenar. e quando se retira legitimidade aos abstencionistas de criticarem o governo que vier a ser eleito, é de certa forma uma punição, uma condenação, e pior do que isso, um atentado à liberdade individual de cada um.
Mesmo reconhecendo que esta afirmação pode ser considerada metafórica, o Presidente da República, não pode usar estas figuras de estilo, num assunto tão sério como este.
é que, mesmo que o voto fosse obrigatório, como sucede em alguns países, caso o eleitor não cumpra o seu dever, estará sujeito a uma sanção, provavelmente uma multa. Mas neste caso, a pessoa depois de pagar a multa pode continuar a criticar o governo à mesma, e ninguém lhe pode negar esse direito.
Portanto, nem neste cenário em que votar era obrigatório, o Presidente da república tinha razão para falar da forma que falou.
Que de uma vez por todas se desfaça este mito, que combatamos a abstenção, mas não com estes argumentos irracionais e sem sentido.
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