Fui um dos 594068, não sei se à mais, mas bem que podiam haver!
Numa eleição em que o vencedor consegue obter mais de o dobro dos votos do que o segundo melhor classificado, não há nada a dizer sobre a clareza, a legitimidade e a justiça da vitória.
Por isso, Cavaco Silva é o grande vencedor destas presidenciais 2011.
Ele continuará a ser com toda a propriedade o presidente da nossa república.
Há no entanto algumas elações que devemos extrair deste acto eleitoral.
A primeira e a mais importante, o grande resultado de Fernando Nobre.
Um candidato que não teve apoio de qualquer partido, um homem que avançou sozinho contra todas as máquinas partidárias, lobys e interesses instalados, comunicação social e opinião pública em geral, obteve um excelente resultado, e é depois de Cavaco silva o grande vencedor destas eleições presidenciais.
Foi uma prova inequívoca de que felizmente a sociedade civil quando quer consegue-se mobilizar sozinha, não precisa do apoio dos partidos, nem muitas vezes da carneirada generalizada que neles se instalam.
Ainda está longe de ser o suficiente, mas já é um primeiro paço. Oxalá esta candidatura venha dar mais confiança à sociedade civil, e finalmente todos percebam que cada homem é um voto, e que ninguém manda na consciência individual de cada um, e que seja quem for, para merecer o apoio têm de fazer pela vida.
A política, deve se mover por valores, por ideias, projectos e nunca por interesses pessoais.
Uma mobilização interesseira como sucede com muitos aproveitadores, não todos obviamente, mas bastantes que se aproveitam das cúpulas dos partidos, para conseguirem o que de outra forma não conseguiam, apodrece grandemente o nosso estado democrático.
E gostemos ou não, tivéssemos votado ou não em Fernando Nobre, digo que foi muito bom que ele se tivesse candidatado. Foi muito positivo que uma candidatura fora de qualquer aparelho partidário tenha tido uma postura séria e honesta, e tenha primado pela elevação. O resultado, no meu ponto de vista ficou aquém das expectativas. Eu tinha esperança que Nobre até conseguisse quem sabe provocar uma segunda volta com Cavaco.
Mas, mesmo assim, quero agradecer como democrata ao Fernando Nobre o seu esforço. Ele foi indiscutivelmente quem teve a campanha mais difícil e mais inglória. Ele foi um grande vencedor, foi um heróico, e merece-me todo o meu respeito e a minha vénia.
Fernando Nobre foi o primei-o grande vencedor fora de um partido político.
Bem sei que Maria de Lurdes Pintassilgo também já conseguira sete por cento dos votos na eleição presidencial de 1980.
Também foi Heróica, com a vantagem de ter sido uma mulher a obter este resultado!
Também não deixa de ser verdade que à cinco anos atrás, Manuel Alegre, ao conseguir retirar o segundo lugar a Mário Soares deu também uma grande lição.
Isto é. Os eleitores não são carneiros e não tem necessariamente de ligar a caprichos dos responsáveis das respectivas cúpulas.
Mas Convenhamos que Manuel Alegre, apesar de não ter tido na altura apoio de qualquer partido político, sempre foi um homem da política, e Lurdes Pintassilgo obteve este resultado numa altura bem diferente. Estávamos ainda no início do nosso sistema democrático, a força dos partidos ainda não se fazia sentir da forma como sucede hoje, e por estas razões, creio que Fernando Nobre ao vir da sociedade civil pura e dura, e ao conseguir este resultado, foi um grande feito cívico.
E também o facto de Manuel Alegre ter tido um resultado abaixo do que obteve à cinco anos atrás, desta vez com o apoio formal de dois partidos políticos, confirma esta minha ideia. Afinal nem tudo está perdido, algumas pessoas sabem muito bem o que está em causa.
Isso alegra-me e de que maneira!
No dia em que a grande parte dos meus concidadãos e das minhas concidadãs apoiarem projectos e ideias pela sua cabeça, sem estarem dependentes dos caciques, não obstante obviamente o facto de podermos apoiar partidos, mas sempre convictamente, e não apenas porque sim, é altamente positivo, e devemos exaltar de alegria.
Sem comentários:
Enviar um comentário