quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O casamento pela lei da Igreja Católica é um pecado capital.

Esta frase, assim dita a frio, parece uma blasfémia contra a Igreja e contra Deus.
É que as igrejas, não satisfeitas em terem os seus fiéis debaixo da sua asa, manipulando-lhes o pensamento e a acção, ainda afirmam sem pudor que são representantes de deus na Terra, e que Jesus Cristo até fez uma santa aliança, entregando à Igreja católica o dom de criar todos estes ritos supostamente em memória de Jesus, mas em que como todos bem sabemos, Jesus quase nunca está. Em vez dele está um outro Cristo, transformado numa superes trela, adorado a horas e nos locais certos, que naturalmente é uma criação nossa, feita à nossa imagem e semelhança, explorado até ao máximo pela igreja universal, quando o Jesus histórico é real, não é fictício, não andou para aí a nascer e a morrer como o Cristo mítico das religiões, e provavelmente nunca adoptaria esta forma farisaica de ver o casamento.
Costuma dizer-se que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, mas em bom rigor o homem é que decidiu criar um conjunto de Deuses ao seu gosto, para suprimir as necessidades, e muitas vezes os caprichos do ser humano.
Portanto, isto não é nem uma blasfémia, nem sequer a Igreja tem qualquer aliança com o Jesus histórico, já que esse na sua vida terrena não fundou qualquer religião, e pelo contrário, expulsou os vendilhões do templo, e ainda disse esta frase verdadeiramente espantosa e chocante para a época, que daquele santuário não ficaria pedra sobre pedra.
É preciso dizer estas coisas para que as populações comecem a ficar ilustradas, e aprendam a pôr em causa estas doutrinas sem pés nem cabeça, algumas até terroristas, que geração após geração, nos têm martelado.
À que dizer que estas doutrinas, e consequentemente esta igreja que ainda as alimentam, fazem muito mais mal do que bem, e como tal é preciso denunciá-las ferozmente, para que possamos ter populações livres, sem estarem agarradas a uma certa moral farisaica imposta pela igreja católica.
Um dos casos muito evidentes daquilo que estou a dizer, é o casamento.
Segundo a igreja católica, estamos perante um sacramento irreversível. Uma vez casados, qualquer um dos nubentes só pode cancelar o casamento se algum deles morrer, ou então por razões muito especiais, que têm de ter a autorização expressa do Vaticano.
A igreja nem quer ouvir falar em divórcio. Quem ousar ir por aí, é automaticamente excomungado, e sob o ponto de vista do direito canónico nem sequer têm direito a comungar o corpo de Cristo.
No entanto, se a pessoa por exemplo em vez de se divorciar, matar, arrepender-se perante o senhor padre, obtém o perdão de Deus e poderá continuar a comungar, isto é claro depois de cumprir uma pena de prisão, mas imposta pela sociedade civil, não pela Igreja, que repito acha o divórcio um pecado quase que mortal, decisão irreversível, e o matar, é um pecado que com arrependimento acaba por ter perdão.
Estão a ver por que águas navega a cúria Romana, não estão?
Se virmos este sacramento do matrimónio à luz da lenga lenga que os nubentes têm de dizer quando decidem dar esse passo, a igreja Católica nem está assim tão errada. Na verdade eles juram perante Deus que vão amar a sua companheira, o seu companheiro, e ser-lhe fiel na saúde e na doença, até que a morte os separe.
Esse juramento é feito perante o Senhor Padre, que é o representante de Deus, pois claro!
E então se as pessoas juram que vão ficar com o companheiro, a companheira a vida toda, está jurado. Não podem voltar atrás.
Mas se virmos este sacramento com olhos de ver, vamos chegar à conclusão que isto não tem pés nem cabeça.
Começa logo pela cerimónia propriamente dita, e pela lenga lenga que os nubentes têm de dizer. Não à ninguém no seu juízo perfeito, que possa jurar que vai manter um relacionamento durante toda a sua vida. Todos sabem que a vida dá muitas voltas, e que aquilo que uma determinada pessoa pensa num ano, pode mudar de uma hora para a outra, e é uma situação perfeitamente natural.
Por isso, o sacramento e o juramento propriamente dito é uma fantochada que envergonha Deus, não tenho dúvida.
Mas depois a igreja estraga tudo com esta teologia mais ou menos camuflada e encapotada nos dias de hoje, mas que infelizmente ainda não houve a coragem de acabar definitivamente com ela.
Como todos sabem, a igreja está contra as uniões de facto. Eles entendem que o conhecimento mútuo que um casal possa construir, deve ser feito no namoro.
Ou seja, antes do casamento não à intimidade nenhuma, apenas um namoro, se calhar ainda à moda antiga, à janela, e duas vezes por semana! E com base nesse namoro altamente superficial, os membros do futuro casal vão ter de se conhecer um ao outro, imaginar uma intimidade que não podem viver antes do casamento, e depois de casarem, isto é, depois de jurarem perante Deus fidelidade pela vida terrena fora, é que se podem conhecer, fazer vida em comum, deitarem-se e acordarem juntos, conhecerem-se sob o prisma sexual/afectivo.
Antes de casar, tudo lhes está vedado, podem apenas usufruir de uma relação muito ligeira, muita conversa, mas nada mais do que isso.
As consequências de tanto castramento são dramáticas. Os homens e mulheres que se deixarem ir por aí, dão um autêntico passo no escuro. Vão assumir um compromisso, supostamente para a sua vida inteira, sem saberem se os feitios de ambos são ou não compatíveis, sem conhecer o carácter do companheiro, da companheira, e sem saberem se são ou não felizes e realizados em partilharem a vida com aquela pessoa.
Se der certo, óptimo. Se não der, das duas uma. Ou não se conseguem libertar do moralismo rançoso da igreja católica, e vivem infelizes a vida toda, ou então mandam às urtigas toda esta teologia e finalmente assumem-se como homens e mulheres responsáveis, lutam pela sua felicidade, mesmo estando conscientes que aos olhos da Igreja já mais serão católicos exemplares, passam a ser pecadores, pecadoras para todo o sempre.
A sorte é que numa humanidade constituída por pessoas em estado de maturidade espiritual e teológica, essas catequeses apenas servirão para despertar em noz cólera, e até compaixão, por tanta infantilidade teológica.
Se a pessoa continua a viver infeliz a vida toda, só me resta demonstrar a minha tristeza, porque infelizmente, ela ainda continua doente, castrada pelo pior que temos na igreja católica, sob o ponto de vista doutrinal, e desejar ardentemente que o mais rápido possível, essa pessoa possa dar aquele passo tão importante para a sua vida, e que a vai fazer adulta e responsável pelos seus actos.
Como é óbvio, não defendo os divórcios. Não acho que isso seja cura para todos os males. Sabemos que uma vida em comum, tem muitos espinhos, e é preciso gostar-se mesmo muito para cimentar uma relação.
Mas há dois aspectos fundamentais e que fazem toda a diferença.
O primeiro, é que uma relação não pode ser alimentada apenas sobre a capa da fé religiosa. Se assim for, é sinal que já não existe amor entre o casal, e o respectivo casamento só não acaba porque as pessoas assumiram um compromisso em forma de juramento perante Deus, e não querem quebrá-lo por nada deste mundo. É quase como se fosse uma pena perpétua, fruto de algum erro que tenham cometido. Há lá prova de tanta autoflagelação?
A relação tem de ser regada e alimentada todos os dias, e as pessoas para estarem de corpo e alma nela, não podem ter condicionantes de ordem moral. Devem manter a relação porque em consciência é isso que eles querem, e não porque lhes é imposto seja por quem for.
Assim é que se mantém um casamento de uma forma saudável, e sobre tudo digna para ambas as partes.

O segundo aspecto, é que nos dias de hoje é fundamental que as pessoas se conheçam bem antes de casarem, por todos os motivos e mais algum. Quanto mais não seja porque de um casamento podem ser assumidos compromissos em comum, como por exemplo a compra de bens, e muito mais importante, os filhos. E se o casamento falha, é um mar de dificuldades que surgem, sobre tudo para as crianças. Mais uma razão para que a Igreja mude radicalmente a concepção que tem sobre o matrimónio. Proíbem os casais de se separarem, e depois desincentivam a vida em comum antes de casar. É aquilo que se chama, passar um cheque em Branco, ou então dar um passo no escuro! Mas este não é um passo qualquer. E por isso tem de ser dado com muitíssima responsabilidade. E isso é coisa que a Igreja católica não parece estar nada preocupada.
Para se conhecer bem uma pessoa a ponto de perceber se podemos ou não fazer vida em comum, é preciso conhecer-se o seu íntimo, os seus hábitos, o seu feitio etc. Coisas que só com um convívio diário e íntimo se consegue. Um simples namoro, por mais romântico que seja, não permite conhecer nada disso.
Enquanto se namora, quando sucede uma zanga entre o casal, no final do dia vão um para cada lado, e na maior parte dos casos a zanga resolve-se no dia seguinte, porque as pessoas até se afastam e, como até gostam um do outro, a saudade acaba por atirar para traz das costas a zanga do dia anterior.
O problema é quando o casal partilha o mesmo tecto, e vão ter de partilhar a mesma mesa, a mesma cama, em suma o mesmo espaço, apesar de estarem zangados. É que no primeiro caso, o casal não tem de se encarar olhos nos olhos, e apenas têm de esperar que a zanga passe. Ao viverem juntos, já não vão poder evitar enfrentarem-se, e a zanga dificilmente passa com o tempo.
E esta diferença é bastante significativa. A capacidade de diálogo que o casal demonstrar, a forma como vão conseguir resolver as zangas e os problemas de relacionamento, fazem toda a diferença no sucesso ou insucesso da relação.
Também sei que em surdina, muitos padres já nem ligam nada a isso, e até defendem que as pessoas vivam juntos antes de darem o passo de se casarem. Apesar de tudo, fico satisfeito por algum bom senso demonstrado por esses sacerdotes que têm alguma influência no pensar e agir das populações menos ilustradas. Mas é terrível verificar que a Igreja católica é a instituição mais arcaica que existe, e mesmo sabendo que as doutrinas que eles ensinam são perfeitamente desadequadas, continuam a fazê-lo, e acabam sempre por ir a reboque da sociedade civil. Mas um reboque tão longo, que chega a ser confrangedor a disparidade entre tal doutrina, e o tempo actual.
Quando a igreja é que devia rebocar a sociedade, sucede exactamente o contrário. Já à muitos anos que todos perceberam que a forma como a Igreja concebe o casamento é arcaico e cada vez menos levado a sério, até pelos párocos. Mas a Cúria Romana continua a fazer ouvidos de mercador, como se fossem o centro do mundo, como se a sociedade civil não existisse, apenas havendo o Vaticano a ditar as leis, e as populações a obedecerem.
Felizmente, cada vez temos menos pessoas a darem ouvidos a estas catequeses, e a minha alegria é que de uma vez por todas os responsáveis por elas fiquem a falar sozinhos. Só assim a Igreja aprenderá a estar atenta aos sinais dos tempos, e a deixar de se fechar em si própria, como autista, mas do pior que existe.
E então, porque é que eu no título deste artigo, refiro que o casamento pela Igreja Católica é um pecado capital?
Primeiro porque é um sacramento que desumaniza as pessoas, torna-as criminosas e pecadoras perante Deus, se ousarem interromper o casamento.
Como já vimos, é bem melhor que as pessoas reflictam à cerca da sua relação, do que pura e simplesmente serem infelizes a vida toda, chegarem até a ser violentadas física e psicologicamente, só para não terminarem com uma união mentirosa, que já não tem nenhum afecto nem amor entre os dois, e que apenas tem aquela ideia sinistra da Igreja, que, mesmo que eles não gostem um do outro, têm de ficar juntos a vida toda.
Se isso chega para manter uma relação, então acabe-se de uma vez por todas com esta teologia, e esta pregação de um Deus castigador e impiedoso, que não quer a felicidade das pessoas, apenas quer que elas ajam de acordo com a sua moral.
Esse Deus, definitivamente não é o de Jesus. À que dizer isto com toda a frontalidade!
depois, todos nós sabemos, que uma grande parte dos casamentos que são feitos na Igreja Católica, são-no por questões que nada têm haver com a fé das pessoas que decidem obter este sacramento.
As razões são diversas: imposição familiar e social, a ambição de terem uma festa só para si, em que vão poder ostentar toda a luxúria, e a riqueza, acto indigno para qualquer ser humano, que neste dia dá corpo a todos os excessos de vaidade e muitas vezes de excentricidade, os sacramentos futuros, nomeadamente o baptismo dos filhos etc.
Portanto, se as pessoas aceitam casar sem fé, estão a incorrer num pecado capital, isso é claro, até sob o ponto de vista dos cânones da Igreja.
O facto de as pessoas não terem fé nenhuma no Casamento feito assim desta maneira, não é que seja preocupante, isso até podia ser um bom sinal. O que estraga tudo, é que mesmo sem fé, as pessoas casam na mesma, não enfrentando de pé e com muita dignidade, toda esta pressão social a que são sujeitas, e muito menos recusam fazer uma festa simples, sem superficialidades, que até são obscenas tendo em conta a dificuldade, fruto da pobreza em massa, porque passa grande parte da nossa humanidade.

1 comentário:

Anónimo disse...

Voce tem todo o direito de pensar assim, usando de sualiberdade de expressão. Creio que precisa conhecer a verdadeira Igreja e os verdadeiros pastores. Tem muita gente boa neste caminho e que não usa em vão o nome de Deus. Agora, a Igreja,somos nós. Nós que fazemos ser assim. Eventos e não sacramento. A Igreja, com os noivos prega simpliscidade, mas a hora que saiam, agente sofre muito, pois fazem tudo ao contrario, e assim, deturpando as coisas como estão. Pense bem, somo nós que contribuimos para que tantas coisas pavorosa aconteça, mas foi muito bom a sua filosofia e colocação. abraços.