quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A infalibilidade papal, e outras questões teológicas.

Num destes dias, numa lista de discussão em que faço parte, discutimos a infalibilidade papal.
Tudo isto, a pretexto de uma mensagem enviada por uma participante, que recordava o concílio Vaticano I, e o facto de o Papa Pio IX ter decretado para todo o sempre, que a partir daquele momento, o papa era infalível.
Como seria de esperar, alguns companheiros, nos quais eu incluído, não perdemos a oportunidade para dissertar à cerca de este assunto, sendo que da minha parte, procurei abordá-lo sempre numa perspectiva teologicamente libertadora e responsável, que é assim que eu sei estar.
Como a conversa é como as cerejas, a discussão acabou por se expandir para outras questões, como por exemplo: o celibato obrigatório, e o baptismo católico.
Fiz duas intervenções de fundo, onde manifestei uma posição muito crítica sobre a doutrina desta Igreja.
Partilho convosco as minhas intervenções, intercalando com algumas das mensagens que foram enviadas em resposta, ocultando no entanto o nome das pessoas em causa.

Mensagem de: Pedro – Nome fictício.
Caros amigos, também eu vou manifestar a minha opinião sobre este assunto.
Irei usar a doutrina da Santa Igreja, que explica tal poder!
Reparem, caros amigos, que nem todos temos a graça de sermos Papas!
Por isso, o homem que representa a Santa Igreja, o Santo Padre, é
abençoado e inspirado em todas as suas decisões pelo Espírito Santo, que
a igreja festeja e venera!
Nas várias aparições marianas ou não, dando como exemplo as aparições de
Fátima, nossa senhora (neste caso), podendo o mesmo ser feito por Jesus,
em Fátima, nossa senhora disse para que se reze pelo Santo Padre, e
disse que este rezava por todos os crentes.
Ao ela dizer para se rezar pelo santo Padre, está a dizer para que se
confie nele, pois só rezamos por alguém que confiamos.
Por isso, para confiar-mos numa pessoa que não conhecemos pessoalmente,
é porque Deus e o Espírito Santo, inspira-nos a nós e a ele!
Viva ao santo Padre, viva à santa Igreja de Cristo!
Mensagem de: Filipe Azevedo.
Sem querer entrar em polémicas desnecessárias gostaria de chamar a
atenção para alguns aspectos.
Dizer-se que o Papa é uma pessoa infalível, é nos dias de hoje
primeiro um acto de fundamentalismo religioso, e depois uma blasfémia.
Não se escandalizem! Vamos por partes.
É fundamentalismo religioso, porque nem o Papa hoje se considera um
ser humano infalível. O Papa João Paulo II já pediu desculpa pelos
erros da Igreja, e todos nós sabemos as atrocidades que foram
cometidas na idade média, com a inquisição por exemplo, e tudo isso
com a bênção de Roma na altura.
Se o Papa anterior sentiu necessidade de pedir desculpa, é porque
admitiu à partida que os que o antecederam não são infalíveis,
portanto enganam-se, tal qual ele também se engana.
O próprio Papa Bento XVI, na sua última visita a Fátima, deixou
escapar quase que um grito de perdão, quando referiu que Deus deveria
perdoar os seus sacerdotes, ele incluído.
Por outro lado, o argumento usado é absolutamente irracional, e pior
do que isso, é em minha opinião sem fundamento.
Um papa que tem por exemplo 80 anos, antes de ser o santo Padre, é um
ser humano falível, erra como toda a gente, tem pecado etc. E no
minuto seguinte em que é eleito Papa, já passa a ser santo, infalível,
acima de pecado, 100 % certo?
Não acham que isto é absolutamente ridículo? Pensemos um pouco com os
olhos bem abertos!
Mas por paradoxal que Pareça, aqueles que defendem que o papa é
infalível estão a cometer um pecado capital e a blasfemar contra Deus.
Precisamente porque só deus é perfeito. Não à nenhum homem, mesmo
sendo Papa que atinja a perfeição. Essa é exclusiva de Deus, que como
sabem depositou em Jesus, a tarefa de nos mostrar o paradigma do ser
humano, já que Deus não é humano, mas sim é algo desconhecido. Jesus
sim foi homem como nós, viveu historicamente, e para mim ele é exemplo
máximo e autêntico de Deus vivo.
Agora dizer-se que um papa é perfeito! Tenhamos pena da nossa própria
inteligência! Não embarquemos neste tipo de fundamentalismos desmesurados só para vincarmos as nossas convicções! É perfeitamente possível nós mostrarmos as nossas ideias, mas sem fundamentalismo e
com grande dose de responsabilidade, de racionalidade e de modernidade.
E mais. Quem elege o papa são cardiais. São pessoas como nós, e
provavelmente até com menos espinhos, com vida menos difícil,
celibatários à força, tenho de o dizer, muitos sem um pingo de afecto,
sem um pingo de amor, porque nunca foram amados, nem nunca ninguém os
ensinou a amar. É preciso sair a dizer estas coisas, para que todos saibam que Jesus não tem nenhuma religião. As religiões cristãs, todas elas, é que se apoderaram de Jesus, transformaram-no em algo mítico,
adorado a dias e horas certas, e mataram toda a vida política e revolucionária, que foi a sua vida terrena.
Isso sim, é um pecado, porque nos tiraram aquilo que verdadeiramente
interessa de Jesus.
Como se pode dizer que um homem que é eleito por outros homens, tem
inspiração divina? Parece que estamos na idade média! Francamente,
será que nunca mais evoluímos?

Mensagem de: Pedro – Nome fictício.
Concordo em parte convosco, mas não concordo com outra.
O Santo Padre é de facto Infalível, pois tudo que faz é por inspiração
divina, pois é preciso recordar que um em cada 3 papas, é santo!
O papa, aquando da sua eleição é
investido com o Espírito Santo, e tudo o que faz daí para a frente é por
influência do Espírito Santo, que com o Pai e o Filho, formam a
Samtíssima Trindade!
Em segundo lugar, concordo quando dizem que Jesus veio para todos!
Isso é verdade, mas existiram aqueles que se afastaram dele, que é o
caso das ceitas protestantes.
É preciso ainda recordar, que se o Santo Padre não fosse infalível, isso
seria o mesmo que dizer, que um gestor, por exemplo, não é a pessoa
indicada para estar ali!
Assim, ao admitir-mos que o papa é falível, estamos como a dizer que A
Santa Igreja não é Santa, e isso sim é uma blasfémia.
O Santo Padre, é, e continuará a ser infalível, pois se o
não fosse nunca poderia decretar alguém santo, por exemplo, nem decretar
qualquer dogma, pois poderia ser que se enganasse!
Isso seria uma sombra muito ruim, que só as pessoas com pouca instrução
cristã admite!
O Santo Padre é inspirado por Deus e por isso é infalível!
Isto é dogma da Santa Igreja, portanto só Deus na sua homnipotência,
deverá dizer se o é ou não!
Mas, como é dogma, Deus o inspirou, e assim sendo:
O Santo Padre Bento XVI é infalível!
Não, não é verdade que isto é fanatismo, é apenas a verdade nua e crua!
Viva Ao Santo Padre, Viva à Santa Igreja de Cristo!

Mensagem de: João – Nome fictício.
Ora aí estão umas boas questões!
Vens ao encontro da minha opinião em relacção ao papa e à igreja.
O papa não é santo nem infalível. Também não lhe vejo qualquer dom ou poder
para beatificar ou santificar alguém já falecido.
O papa não seria santo, mas era justo com Deus e com a igreja, se dividisse
a riqueza pelos necessitados, se fizesse que a religião se separasse dos
bens materiais em prólogo dos bens sentimentais, como os padres fazem
questão de apregoar e aconselhar os fieis.
Seria um grande homem, não santo, se o papa tivesse a coragem de mudar as
leis da igreja, como por exemplo: permitir que existam secerdotizas e não só
sacerdotes, que estes sejam livres para casar e terem a sua família.
Muita coisa mais devia mudar na igreja, para que deixe de ser retrógada.
A mudança trazia mais fieis à igreja, estas voltavam a encher aos domingos.

Mensagem de: Pedro – Nome fictício.
Para vos exclarecer, o Santo Padre tem todo o poder para beatificar ou
canonizar alguém.
Tal poder lhe advem de ser ele o Chefe Máximo da Igreja De Cristo!
Em segundo lugar, o tal despojamento já é feito, visto que a Igreja
Católica é das instituições que mais ajuda em todo o mundo!
E isto não é valorizado?
Por último, a questão do casamento dos Padres ou da sagração de
sarcedotisas, é adverso aos princípios morais da Santa Igreja, pois
recorde-se que a mulher não poderá chegar ao altar, pois dela emanou o
pecado original.
Quanto ao casamento dos Padres, caso isso acontecesse, o padre deixaria
de estar completamente disponível para a Santa Igreja, tendo-se que
preocupar com as questões relacionadas com a família.
Viva Ao Santo Padre, Viva à Santa Igreja de Cristo!

Mensagem de: Filipe Azevedo.
Em primeiro lugar, queria falardo facto de as mulheres não poderem ser sacerdotisas, e de os párocos não poderem constituir família.
Com todo o respeito e cordialidade, e também com muita sapiência, permitam-me dizer-vos que já à muito que não ouvia argumentos tão infantis como foram usados na discussão deste tema.
Quando digo infantis, não falo das pessoas, falo sim das ideias. É que como todos nós sabemos a mulher não está em pecado original. Isso é uma ofensa para todas as mulheres deste planeta. A história de Adão e Eva todos sabemos nunca existiu.
Trata-se de um relato mítico, até poético, da criação das origens, mas que não foi real. Esse relato foi importante naquela altura para que David Salomão conseguisse fazer crer que Israel era o povo eleito de Deus.
Mas então vocês não sabem que Deus não tem povo eleito? Não sabemos todas e todos que ao acreditar nessa patranha, estamos a ser os maiores causadores de ateísmo?
É que reparemos bem nisto. Os palestinianos, que eram uma colónia dependente do império de Roma, achavam que um dia vinha um messias e que os ia livrar da colonização do império.
O que é facto é que Jesus nasceu e morreu, e a palestina continuou à mesma a ser colonizada. O que prova que nem deus nem Jesus se mete com estas coisas de guerras e lutas. Aliás se assim fosse, seria um deus altamente injusto, que preferia um povo em detrimento de outro. E quando o povo de Israel diz que é um povo eleito, é uma ofensa grave a Deus. Para Deus não à, nem pode haver povos eleitos. Somos todos um todo. Homens e mulheres. Será que um bom pai vai matar um filho para defender o outro? Abramos os olhos da mente!
O pecado original, foi mais uma mentira inventada por Santo Agostinho e que para nossa vergonha ainda perdura até aos dias de hoje.
Mas é preciso dizer que a igreja católica só ainda não acabou com este dogma porque assim justifica continuar a fazer os baptizados. O que as pessoas deviam saber é que o próprio Jesus foi baptizado já em adulto por João Baptista. O que demonstra que nem o próprio paradigma do humano vai nessa treta que a actual Igreja ainda hoje alimenta.
Como se pode à luz daquilo que foi o comportamento de Jesus, continuar a dizer que se a criança morrer sem ser baptizada vai para o Inferno?
E por acaso já se esqueceram que a própria igreja já nem fala mais no inferno?
Em segundo lugar, o argumento utilizado para justificar a proibição dos párocos de constituírem família, é também todo ele infantil falacioso.
Por 4 ordens de razão.
A primeira, é que temos outras religiões, em que os pastores têm família constituída e nem por isso se deixam de dedicar à causa.
A segunda, e por sinal a incongruência maior, vai para o facto de a Igreja não deixar os párocos constituírem família, e depois deixa que eles acumulem com as funções de professores, de artistas e outras profissões.
Mas então que diabo? Dizem que eles não podem casar para estarem 100 % dedicados à religião, ou a Deus como queiram. E depois vão deixar que eles abarquem actividades profissionais extremamente exigentes ao nível da disponibilidade, como é o caso de professor por exemplo?
A onde está a coerência?
A teceira. Dizer-se que um em cada 3 papas é santo não significa absolutamente nada.
Como todos sabem, a santificação é um negócio eclesiástico, muito rentável por sinal!
Ainda à bem pouco tempo, foi santificado o nosso Dom Nuno Álvares Pereira, que como foi um homem que lutou contra os espanhóis em 1385, e assim permitiu que não tivéssemos perdido a independência.
A verdade é que ele matou pessoas, independentemente das razões. Sabemos que de acordo com a lei de Deus, ninguém pode matar um seu semelhante, seja porque motivo for.
O próprio Jesus, foi assassinado pelo poder político e religioso da altura, e não lutou contra os seus carrascos. Inclusivamente, sabemos que muitos santos da Igreja são igualmente heróis de guerra. Ainda se fossem mártires, seria apesar de tudo compreensível. Agora, santificar pessoas que andaram a lutar, só mesmo por uma questão financeira. É que como sabem, uma santificação dá imenso lucro à Igreja Católica no seu todo, e no caso português, o facto de o perfeito para a causa dos Santos, no caso o Dom José Saraiva Martins, ser também português, ajuda e de que maneira. É que até para os santos é preciso cunhas!
Quando eu digo que tudo isto é um rentável negócio religioso, fundamento esta minha posição, no facto de para que alguém possa ser primeiro beato, portanto adorado nacionalmente, é preciso que se prove a existência de um milagre. E para que a pessoa seja santificada, portanto adorada universalmente, é preciso mais outro milagre, se possível bem mais espectacular do que o primeiro. É que um milagre não dá para as duas coisas. Isso é que era doce!
Eu estou convicto que os milagres não existem. E podia fundamentar de uma maneira alongada esta minha tese, mas para já não o farei. Mas, mesmo que acreditemos em milagres, esta forma como a Igreja encara a santidade é uma ofensa a Deus. Não tenhamos medo de dizer as coisas!
A existirem milagres, para que precisamos dos santos? Então Deus precisa de intermediários? A própria Bíblia diz que o nosso pai celeste sabe o que nós queremos e precisamos. É um sinal inequívoco que à luz da Bíblia, a santidade é uma blasfémia.
Se fossem operados milagres Deus falos-ia sem precisarmos de recorrer a terceiros. Tudo isso para ilustrar a ideia que o facto de um papa ter sido santo não prova rigorosamente nada. Um determinado papa só será santo se isso for rentável para a igreja.
À que dizer que a santidade é mais uma coisa inventada por nós, e que não passa de uma aberração nada jesuânica.
Dizer-se que a Igreja é santa é francamente exagerado. Se eles próprios já assumiram erros, é um sinal inequívoco que o conceito de santidade que a própria igreja gosta de usar, isto é, eles acham que um santo sim é infalível, e os seus membros já falharam e muito. A Igreja não é santa, isso tem de se dizer com todas as letras.
É curioso que a igreja acha que os santos são infalíveis, mas o que é certo é que na sua vida terrena, esses irmãos também terão cometido erros. A onde fica portanto o conceito de santidade?
Assim como, volto a dizer, o santo padre é eleito pelos homens, através de uma eleição com as suas regras, mas não deixa de ser uma eleição.
Obviamente que aqui o espírito santo infelizmente não tem interferido em nada com o exercício papal.
Se o espírito santo interferi-se, o Papa não usava túnicas bordadas a Ouro, não vivia num dos palácios mais luxuosos do mundo, não gastava milhões de euros em cada deslocação, não andava de helicóptero, não ostentava o luxo, a riqueza e a vaidade.
Digam-me sinceramente. Alguma vez viram isso em Jesus? Então Jesus não foi pobre por opção, não viveu no meio dos marginalizados, não foi alguém que se despojou de tudo? E Os papas que sucessivamente têm governado a Igreja têm feito isso?
Não brinquem comigo! Tenhamos bom senso, e vejamos muito mais o exemplo de Jesus, e vamos chegar à conclusão que esta Igreja não é mesmo nada jesuânica.
Um nosso companheiro falou dos gestores de empresas. Todos os gestores são postos em causa todos os dias, e assim é que deve de ser. Os gestores de empresas falham como nós falhamos, e por uma razão muito simples, é que como eles têm a necessidade de tomar mais decisões, estão obviamente mais sujeitos ao erro.
E mais. Os gestores de empresas são sistematicamente avaliados pelos seus resultados, e naturalmente se não cumprirem os objectivos, serão substituídos.
Esta ideia de que ninguém é questionado na sua acção, é muito querida aos apaniguados dos regimes ditatoriais.
Sei que nenhum de nós é apologista deste regime, por isso quis chamar a atenção, porque ao defendermos estas ideias, alguém que não conheça os nossos pontos de vista pode ficar com uma ideia errada da nossa visão das coisas.
A igreja é que infelizmente tem-se como infalível, como absolutamente certa. Nem de propósito, presunção e água benta, cada um toma a que quer!
Em quarto lugar, queria ainda chamar a atenção para outra coisa.
Diz-se por vezes que esta é a santa Igreja de Deus, e acrescenta-se que é a santa igreja de Cristo.
Na verdade o termo Cristo, e dando como dado adquirido que nos estamos a referir a Jesus crucificado, é um abuso claro da própria igreja.
Porque Jesus na sua vida histórica nunca fundou nenhuma religião, nem muito menos nenhuma igreja. Pelo contrário! Aqueles que o mataram na cruz foram os poderosos daquele tempo. E se repararem na própria Bíblia é referido que foram os sumo-sacerdotes. Ou seja, foram os padres daquele tempo, os líderes religiosos.
E agora pensemos um pouco. De quem estavam ao serviço esses líderes?
Consideremos o facto de Jesus ter vivido na palestina, que era uma colónia dominada pelo império de Roma.
Então o próprio Pilatos chega a dizer que se os palestinianos não fazem nada em relação a Jesus, o imperador de Roma ainda lhes vai retirar o poder. Ou seja, Jesus era uma ameaça, e curiosamente ele sempre lutou com a arma da palavra e da acção, nunca pegou em armas, nem pediu aos que o seguiam para o fazer. Tanto é assim que o próprio Pedro, quando tirou a espada da sua bainha, foi imediatamente repreendido por Jesus.
Ele foi tão fecundo, que como os poderosos não conseguiram ver-se livre dele de outra forma, toca a crucificá-lo.
Mas, e aqui temos o melhor da história, nem tudo lhes saiu como eles Queriam!
A ideia deles era tornar Jesus maldito para sempre. Para isso crucificaram-no e provavelmente atiraram-no a uma vala comum, que era o que eles faziam a todos do seu tempo.
Mas o problema é que vários anos depois, e quando os poderosos pensavam que já mais ninguém se lembrava de Jesus, eis que algumas pessoas que o conheceram ainda em vida, começaram a reunir-se às escondidas por sua causa, e começaram a escrever sobre ele.
O novo testamento não foi escrito só aí, mas sem dúvida que esse movimento terá começado a partir desse momento.
Estão a ver a onde entra a ressurreição de Jesus?
Obviamente que não se trata de uma ressurreição física, comoalgumas religiões mentirosamente têm afirmado ao longo de todos estes anos. Como é lógico a ressurreição é mítica. E sinceramente este ressuscitar de Jesus é muito mais fascinante para mim do que uma ressurreição carnal, assim ao jeito de um filme todo espectacular dos tempos modernos.
Se Jesus foi um homem como nós, já mais podia sair desta dimensão, viveu, e morreu como nós, e obviamente o que se perpetuou na história foi a sua memória, que no fundo é o que de mais substantivo temos em Jesus.
Não acham que isto é maravilhoso? Um poder que tinha todas as armas e mais alguma, que era inclusive absoluto. Ninguém os podia contrariar. Quiseram matar Jesus, e mesmo assim, vários homens e mulheres daquele tempo, tiveram a ousadia de começar a falar e a escrever sobre ele, para que os que viessem a seguir soubessem que existiu um homem, que teve uma vida tão fecunda, tão maravilhosa, tão humana, e que para mim que acredito é a Maior dádiva de Deus vivo.
E aqui é que entra a maldade da Igreja romana.
É que o império, não satisfeito por ter morto Jesus na Cruz, e por o terem tentado prescrever da história, ainda cometeram um crime mais hediondo. 400 anos depois de ele ter morrido, como viram que afinal a sua memória não se perdeu no tempo, e que havia muita gente a interessar-se por Jesus, pegaram nele e transformaram-no no Deus oficial da Religião Romana.
Quer dizer. Como se já não fosse grave terem-no assassinado e proibir quem falasse no seu nome, como viram que não conseguiram atingir o seu objectivo, juntam-se a todos os quantos seguiam as suas práticas, e transformam[-no no Deus oficial da sua religião.
Já viram o quanto de perverso isto tem? E mais grave ainda. Adulteraram por completo todos os ensinamentos e práticas que ele nos deixou enquanto viveu. O facto de se terem juntado a ele depois de o terem morto já é bem grave. Mas matarem toda a sua mensagem subversiva e transformarem-no num deus mítico, sem rosto, sem mensagem, sem alma, só para que as pessoas o possam adorar a dias e horas previamente marcados, é então um crime de lesa fé jesuânica.
Não é por acaso que ainda hoje, dizemos que é uma Igreja Romana, santa católica apostólica e Una.
Não é por acaso que o Papa está em Roma.
É verdade que a designação romana, está a cair em desuso. Massó no consílio Vaticano segundo acho eu, é que se começou a falar de uma igreja universal, e não de uma igreja romana. Significa isto que durante mais de 1500 anos, esta igreja que nós conhecemos era sobre tudo a igreja de Roma. Imaginem que isso veio ainda do tempo do império romano. E Depois admiram-se de eu dizer que estamos ainda na idade média! O império romano terminou à mais de 1000anos, mas mesmo assim a igreja só agora se actualizou. À lá prova que esta instituição é a mais retrógrada que existe?
Esta igreja só terá futuro quando começar a deixar os mitos mentirosos, quando deixar de fazer de Jesus um extra terrestre, um ser absolutamente espectacular, fora da dimensão do humano que era capaz de tudo, menos de se salvar a si próprio, e o povo que o seguia.
Como se vê, se à coisa que os responsáveis pela Igreja Católica não têm sido é imaculados. Têm-se cometido muitos crimes, que pese embora não matarem ninguém, e serem por isso simbólicos, têm impedido a evolução da mente de muitos povos, e nesse sentido têm nos deixado amorfos, estáticos, chegando até a desenvolver teorias e práticas fundamentalistas, quando aquilo que se pretende é que as pessoas possam ter uma fé lúcida, esclarecida, sem terem um senhor padre a dizer-lhes o que é que eles devem pensar ou dizer.
E estes crimes têm sido bem mais prejudiciais do que até a própria inquisição. É que esse já prescreveu à muito, e os de que vos falei anteriormente ainda perduram até aos dias de hoje!
Eu sou claramente um defensor da teologia da libertação. E esta Igreja ao ir por um caminho castrador, está a cair no pecado.

E foi assim, que durante alguns dias, fomos alimentando esta discussão saudável, onde sem agressões de nenhuma espécie.
Devo dizer que me deu muito prazer em participar no debate, que nasceu assim de uma forma inesperada, mas que em minha opinião foi bastante fecundo.

Um abraço para todos.
Filipe.

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