A nostalgia da emigração.
Não vivi aquelas décadas de 60 e 70, mas conheço o êxodo de compatriotas nossos que partiram para o estrangeiro.
Hoje, sinto novamente o destino dramático de muitos portugueses que em busca de uma vida melhor, são forçados a procurarem outros destinos.
Pobre país que não consegue segurar os seus filhos, e deixa vir sem rei nem roque, sem qualquer pré-requisito.
Algo não bate certo quando os nossos têm de ir para fora porque aqui não se conseguem realizar, e os estrangeiros vêm para aqui sem o mínimo de controlo.
Não me chamem xenófobo por favor! Eu sou apologista da livre circulação de cidadãos. Partilho da ideia que todos nós somos cidadãos do mundo, mas custa ver familiares, amigos, pessoas de que gostamos partirem agora, e voltarem um ano depois.
É triste. Para mim isso representa um sentimento terrivelmente nostálgico.
Ainda para mais, partem numa altura em que o verão está a dar as últimas, e o Outono e depois o inverno são estações deprimentes.
Mas nada que se compare ao sentimento de tristeza e impotência, ao ver partir pessoas de quem gostamos, e que como é natural sentimos uma enorme saudade.
Eu que não era nada saudosista, nada dado a este tipo de sentimentos, tenho de reconhecer que este ciclo de chegadas e partidas, me faz ficar mais desolado, e pensar que Portugal, e consequentemente a nossa língua tem a felicidade de ter no seu vocabulário uma palavra tão profunda, e que é tão nobre como outro qualquer sentimento. Falo pois da Saudade.
Um abraço cheio de saudades para aqueles que vão trabalhar para fora deste país. Para alguns, até ao Natal, para outros até ao verão, até para o ano. E que a vossa vida sorria sempre, que ao menos valha apena o sacrifício de estarem longe de filhos, de pais, de avós, do resto da família e amigos.
Boa viagem, e uma boa vida para todos, é o que eu desejo do fundo do meu coração.
Aos meus amigos que tiveram a amabilidade de entrar aqui na minha salinha de estar, peço desculpa por este texto mais sentimentalista e sobre tudo nostálgico, mas é o estado de espírito com que estou meia hora depois de ter desejado bom ano a quem provavelmente só voltarei a ver no próximo verão.
Para finalizar deixo-vos com um poema lindíssimo. É uma música do grande Adriano Correia de Oliveira, e chama-se: Este Parte, aquele parte.
Este parte
aquele parte
e todos todos se vão
Galiza ficas sem homens
que possam cortar teu pão.
Tens em troca
Órfãs e órfãos
tens campos de solidão
tens mães que não têm filhos
filhos que não têm pai.
Coração
que tens e sofres
longas ausências mortais
viúvas de vivos mortos
que ninguém consolará.
Este parte
aquele parte
e todos todos se vão
Galiza ficas sem homens
que possam cortar teu pão.
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