A polémica das listas Vip do fisco é politicamente falando uma trama
Este caso da lista vip, é mais grave do que se imagina, e deve ser abordado por 2 ângulos distintos Por um lado na vertente política, que por razões mais ou menos óbvias está particularmente inflamada com tendência para subir a temperatura, e por outro lado a segurança da nossa informação, que é um tema que tem sido altamente e diria eu escandalosamente desvalorizado pela opinião pública Politicamente, e pelos dados que tenho, tudo indica que se trata de uma vingança contra o governo Recordo que esta questão surge por causa da divulgação pública da situação contributiva de Passos Coelho Gostemos ou não, a lei tem de ser para todos igual, não podemos defender que seja crime divulgar publicamente dados de contribuintes, e depois ficar satisfeito quando isso afecta um primeiro ministro E a verdade é que quando surgiram na comunicação social notícias dando conta que Passos Coelho tinha sido alvo de processos de execução fiscal, ninguém trouxe esta questão à liça ninguém se perguntou. Como foi possível que essa informação tenha saído para o publico, e que relevância ela tinha, tendo em conta que nem sequer estamos a falar de dívidas actuais, mas sim situações que foram resolvidas à muitos anos? Se a informação que saiu indevidamente dos computadores do ministério das finanças nem sequer é relevante, foi claramente para como se diz em bom português, entalar o primeiro ministro , o que em minha opinião é altamente perverso, seja que político for É que se hoje é o primeiro ministro amanhã a vítima pode ser qualquer figura pública. E de uma coisa temos a certeza. Há jornalistas que acedem com relativa facilidade a informações sigilosas sobre as carreiras contributivas dos cidadãos Por conseguinte, o governo andou bem em ter ordenado a realização de um rigoroso processo de averiguações, aliás não tinha outra alternativa! O resultado dessas diligências foi a instauração de vários processos disciplinares a funcionários das finanças, que alegadamente estavam envolvidos nesta trama O presidente do sindicato dos impostos Paulo Ralha ralhou descontroladamente, e contribuiu para que se lançasse este assunto virando-se contra o secretário de estado Paulo Núncio dizendo algo verdadeiramente inacreditável. Disseram me que o senhor secretário de estado está envolvido nisto! Mas quando lhe perguntam quem lhe disse, ele recolhe se ao silêncio porque não quer entalar ninguém Eu até podia entender essa postura se fosse noutros contextos, mas não no parlamento. E esperar que todos ficassem convencidos só porque o presidente do sindicato diz que lhe disseram, é de bradar aos céus Não estou a defender as listas vip Mas também espanto me como é que algumas pessoas supostamente inteligentes dizem que os alertas devem funcionar para todos os contribuintes Isso é patético porque um alerta só funciona quando algo é inesperado, e neste caso seriam emitidos milhares de alertas todos os dias, o que obviamente não era possível monitorar Este assunto é muito sério, e não merece ser discutido no meio de um aceso combate político. É muito mau quando os casos têm este tipo de motivações, porque acabamos sempre por não conseguir perceber quem tem razão. Trata-se pois claramente de um caso de pré campanha, e tendo em conta que ainda temos mais 6 meses, imagino o que não está para vir E Espero que ao menos esta situação permita que possamos ter a noção da gravidade deste facto, que é a falta de segurança da nossa informação. É muito confortável termos tudo centralizado, mas é preciso estar ciente dos riscos que isso comporta. E se transportarmos este problema que agora está a acontecer com o fisco para os restantes serviços da administração central, é de ficarmos arrepiados com a ideia de por exemplo um funcionário de bragança poder aceder ao histórico clínico de uma figura pública. E para termos estes regimes de excepção é porque o sistema não permite checar com fiabilidade e segurança quem anda a cuscar o que não deve. E isto sim é o cerne da questão.
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