Os Agentes Santos e Rainho morreram colhidos por um comboio a trágica notícia de 2 heróis mártires
e que no fundo acaba por ser o carrasco material destes agentes sem que para isso tenha feito o que quer que seja, nem tenha obviamente qualquer responsabilidade no sucedido. O país está em sobressalto porque dois jovens agentes da autoridade perderam a vida colhidos por um comboio, enquanto perseguiam dois cidadãos que tinham acabado de efectuar um roubo. A consternação é muita, porque acreditemos no que quisermos, e tenhamos nós os valores que tivermos, a injustiça aqui inverteu-se por completo. Os homens que tinham como função garantir a segurança morrem estupidamente, por causa de dois indivíduos que estavam a infringir a lei. Estas vidas representam uma enorme perda, e não há palavras para concretizar esta tristeza, porque morrer a defender a lei e o estado de direito deve ser absolutamente revoltante para a família, para os amigos e colegas das vítimas, e sobre tudo para todos os agentes da autoridade que muitas vezes em condições absolutamente precárias arriscam muito a sua própria vida, sem que o país sequer lhes dê o devido reconhecimento e valor. Para além da enorme tristeza e revolta, este é um acontecimento verdadeiramente traumático para todos os profissionais da segurança. Santos e Rainho. , fixem estes nomes. Eles eram ilustres desconhecidos, mas são dois grandes heróis, que o país não se pode esquecer que num dia da história, 25 de fevereiro de 2015, os agentes Santos e Rainho morreram pela lei. Deram o corpo às balas a defender e a cumprir à risca a mais nobre missão dos agentes da autoridade que é zelar pela segurança, pelo bem estar dos cidadãos e pela ordem pública. Sem dúvida que estes dois homens são mártires, merecem todo o nosso reconhecimento e gratidão, e são hoje um símbolo para quem como eu acredita na importância, na urgência e na necessidade de preservar e alimentar o nosso estado de direito. Fiquei sinceramente chocado com esta notícia. Genuinamente fiquei triste e tentei perceber o que podia ir na cabeça de todos os entes-queridos que tinham perdido dois grandes amigos e familiares. Tentei mas não consegui, porque provavelmente nem o pior dos pesadelos que eu tenha chega aos calcanhares da profunda tristeza em que estão mergulhados todos os agentes da autoridade, bem como obviamente o Maquinista que sem nada fazer para isso vê fugir os assaltantes e sem poder evitar mata estes dois heróis, e que no fundo acaba por ser o carrasco material destes agentes sem que para isso tenha feito o que quer que seja, nem tenha obviamente qualquer responsabilidade no sucedido. Por isso não podia deixar de lhes enviar um grande e enorme abraço de solidariedade e de admiração. Confesso que me assusta muito tudo o que tem acontecido aos nossos agentes. Ainda não engoli aquela decisão do tribunal criminal de Loures que condenou e penalizou solenemente o agente da GNR Hugo Ernano que teve o azar de matar uma criança de 11 anos que recordo o pai levou para o assalto. Quando chegamos ao cúmulo de levar menores para os assaltos, fazendo deles autênticos escudos humanos, e damos este triste exemplo de penalizar o agente da autoridade, é de ficar com os cabelos em pé, mesmo utilizando aqueles clichês que a justiça é dos tribunais, que nós não conhecemos as nuances deste caso etc. etc. etc. Mas, mesmo não tendo qualquer formação jurídica, creio que nestes casos o sinal que se dá para as autoridades é que na dúvida mais vale não fazerem nada, não arriscarem porque podem vir a ter problemas. E depois não nos devemos admirar nem ficar chocados quando verificamos que no meio de um conflito, os agentes não têm autoridade, pouco podem fazer, e por vezes assobiam para o lado a ver se a maré passa! E o que é facto é que toda a gente tem ambições, tem família e obviamente tem medo de poder desgraçar a sua vida por algo que eles não provocaram e não se podem intrometer à vontade. Eu sou muito humano, mas confesso sou muito mais sensível a este problema das autoridades do que propriamente ao problema e às dificuldades dos meliantes. Quantos desses meliantes trabalham? E quantos querem verdadeiramente trabalhar? Infelizmente, o que falta a meu ver é que o país discuta de uma forma séria que tipo de segurança pretende. Hoje temos um misto de problemas velhos, com novas ameaças que nos devem fazer reflectir a todos sobre aquilo que estaremos dispostos a abdicar para efectivamente vivermos em paz. Não tendo nada a ver com isto, mas por exemplo todos nós ficamos contentes quando os serviços secretos de um país desmantelam uma rede ou uma simples célula de uma rede terrorista. Esquecemo-nos é que para que isso seja eficaz é preciso que exista de fato uma recolha de informações muito eficaz, e que obviamente viola os direitos fundamentais que nós todos já dávamos como adquiridos como por exemplo a nossa privacidade. Estaremos dispostos a abdicar de uma parte grande dessa privacidade em prole da segurança? O mesmo se passa com o poder que devem ter os agentes da autoridade. Como sabem vivemos durante 48 anos num regime em que havia uma enorme e estúpida discrepância entre o poder da autoridade sobre os cidadãos, em que o primeiro era exercido de forma perfeitamente autoritária e por isso desproporcional. será que já passou esse trauma? Já podemos com equilíbrio e bom senso discutir até onde queremos ir na relação e na corelação de poder entre autoridade e cidadãos? E isto sim é importante até para que o legislador saiba com que linhas se deve cozer.
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