comparar a postura dos ingleses com a nossa no que à violência no desporto diz respeito é o mesmo que colocar de um lado a civilização do outro a selvajaria
Nunca é demais falarmos da violência no futebol, confesso que esta é para mim a maior chaga dos tempos modernos, no que a esta modalidade diz respeito. Numa altura em que tanto se fala na ausência de público no futebol, é um paradoxo assistirmos a tantas situações de violência que pura e simplesmente escorraçam as famílias dos estádios. Sob o ponto de vista civilizacional, custa-me compreender que um conjunto de pessoas que fazem parte de uma claque aceitem desde logo pagar um preço muito elevado para irem aos jogos, mas pior do que isso quando acompanham os clubes são vigiadas ao mais ínfimo pormenor quase como se de criminosos se tratassem. É uma tristeza chegarmos estes pontos em que é preciso ter alta segurança nos movimentos das claques, como se um bando de terroristas se tratasse. Já aqui defendi que devia ser um desidrato de todos os agentes erradicarem a violência nos estádios. Infelizmente em Portugal os dirigentes em vez de tudo fazerem para fomentarem nos adeptos um clima de paz, divertem-se em atirar lenha para a fogueira. São comportamentos absolutamente deploráveis tão ou mais graves do que os comportamentos violentos propriamente ditos. Creio que a própria liga devia penalizar severamente os dirigentes que de certa forma incitassem à violência. Bem sei que não podemos cortar às pessoas a liberdade de expressão, mas estamos perante um problema excepcional e que exige medidas igualmente de exepçção. Os dirigentes têm responsabilidade, porque foram eleitos para defenderem os interesses dos seus clubes, mas também os do futebol em geral. Sem clubes não há futebol! Ponham os olhos nos Ingleses! E a este respeito só posso dizer. Que postura tão diferente tiveram os responsáveis do Chelcea esta semana. Como é público, alguns adeptos da equipa londrina fizeram um conjunto de patifarias no metro de Londres. Os responsáveis do Chelcea em vez de se enredarem nos ataques aos adversários condenaram de imediato esta postura, e assumiram o desejo de expulsar os adeptos que prevaricaram. O próprio José Mourinho disse claramente que condenava estas atitudes, e que elas nada tinham a ver com o Chelcea. No próprio jogo de ontem os adeptos condenaram no estádio os patifes, que postura tão diferente passar-se-ia aqui em Portugal. Aqui andávamos todos a atacar o clube de onde os adeptos supostamente eram, sem sequer percebermos que o caminho é combater e repudiar com todas as nossas forças qualquer acto de violência venha ele de onde vier. Aqui os presidentes assobiavam para o ar, e faziam de conta que não era nada com eles. Apenas ouvíamos a voz do presidente do clube lesado, enquanto o presidente do clube dos tais energúmenos talvez até viessem tentar justificar as atitudes, ou na melhor das hipóteses calavam-se bem caladinhos. Por isso, comparar a postura que tiveram os responsáveis do Chelcea e as que costumam ter os responsáveis de clubes portugueses é como colocar de um lado a civilização do outro a selvajaria. Espero que aos poucos passemos a ser civilizados.
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