Sapatos de luxo para desempregado
A comunicação social deu bastante ênfase a este episódio caricato de um ser humano, desempregado, que estava ao que parece a trabalhar numa tasquinha da Ovibeja, que curiosamente até estava supostamente a ser pago, que pediu ao primeiro-ministro 50 euros para comprar uns sapatos, porque os que ele tinha estavam rotos. Não é que eu tenha nada contra quem compra sapatos de 50, 100 ou 200 euros. Cada um faz o que quer do seu dinheiro. Mas caramba! Se eu tivesse desempregado, a passar necessidades, a última coisa que pensaria era em comprar uns sapatos de 50 euros! Há alternativas muito mais baratas, e ainda por cima se os sapatos estão rotos, então não era de comprar uma coisinha mais barata? Eu confesso. Felizmente trabalho, não tenho dificuldades económicas e não. Não compro sapatos de 50 euros. Bem sei é uma opção que só a mim me diz respeito, mas há sapatos e sapatos! Salvo as devidas comparações, é a mesma coisa que eu ter fome, e ir a um restaurante de luxo, exigir que me paguem uma comida gormê. Quem me conhece sabe que eu sou solidário, que se for preciso dou a camisa, mas nem oito nem oitenta! Eu também não frequento esses sítios, nem me dou a grandes luxos, e tenho de me levantar todos os dias para trabalhar, e dou ao cabedal, sendo que uma grandíssima parte das coisas que faço na vida nem sequer são remuneradas. A vida custa, é preciso dar ao couro, e isto de usar a crise para este tipo de demagogia confesso que me irrita. Se o homem tivesse pedido 20 ou até 25 euros, até podia ser um bom número mediático, assim, eu pelo menos já mais contribuiria para que um desempregado use algo que eu não uso e faço pela vida! não quis deixar de partilhar convosco estas coisas que de quando em vez me causam alguma cólera. Também não podemos ser uma espécie de indivíduos sem sistema nervoso!
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