terça-feira, 21 de janeiro de 2014

A co-adopção e o corte das pensões - o pior e mais demagógico do centrão

Devo dizer que gosto imenso de política, e se ela for exercida com seriedade, espírito de missão, desapego aos cargos de poder, vontade e capacidade em servir o próximo, contribuindo assim para a comunidade em que estamos inseridos, é mesmo uma arte muito nobre e profundamente respeitável. Infelizmente estou desiludido com duas situações que sucederam recentemente. Uma protagonizada pelo psd, e outra pelo Ps. O psd, numa manobra vergonhosa de pura plitiquice, e aqui no pior sentido que este termo encerra, boicotou uma lei que estava a fazer o seu caminho, e que é inteiramente justa e respeitadora dos direitos humanos. Estou a falar da co-adopção por um elemento do casal do mesmo sexo. Eu não sei se os meus queridos amigos e as minhas queridas amigas estão a perceber a gravidade da situação. Não estamos nesta fase a falar da adopção por parte de casais do mesmo sexo. Já isso para mim é perfeitamente claro, e consagrar este direito na lei é um avanço civilizacional. Mas estamos a falar da co-adopção. Ou seja, imaginem uma mãe, que entretanto vive com outra mulher, e que morre. A parceira da falecida não vai ter qualquer direito sobre a criança. Acham isto justo? Uma mãe que viveu com uma companheira e com a criança durante anos, morre, e a criança fica assim, desprotegida, sem qualquer amparo. é melhor que a criança vá para uma instituição? Do que ficar com aquela que digamos assim é a sua enteada? Neste caso estamos a criar sofrimento à própria criança, que desenvolveu laços afectivos com a tal enteada, e à própria enteada, que se vai ver privada de alguém que para si será quase como uma filha ou um filho. Mas que raio de sociedade é esta que queremos? Que não respeita os mais elementares valores de igualdade e de tolerância para com as opções sexuais das pessoas? Os mais conservadores não têm vergonha de estar a descriminar irmãos seus? Irmãs suas? Como é que podem dormir descansados? Muitos até dizem crer em Deus, e dizem-se católicos. Mas que raio de Deus é esse que não acolhe todos os seus filhos, todas as suas filhas à mesma mesa? Pode lá existir um deus assim? Há coisas que são inegociáveis e não deviam estar sujeitas a este tipo de jogadas políticas. E de uma vez por todas, há que dizer que quem não respeita os deficientes, quem não respeita a opção sexual das pessoas, quem não respeita aqueles que pensam e são diferentes, são atrasados mentais, e é preciso dizer isto com toda a clareza. Porque não podemos andar com paninhos quentes, sob a capa das ideologias políticas. O outro acontecimento de que não gostei, embora muito menos grave é certo, mas foi protagonizado pelo PS. O seu líder referiu que o actual governo estava a preparar um corte permanente nas pensões. Mas eu pergunto. Como é que pode ser permanente? Será que se o ps chegar ao governo não vai repor o que foi cortado? Se vai porque não diz agora? Se não vai, porque critica se depois vai fazer o mesmo? Há que falar sério às pessoas, e eu não posso aceitar que se diga que algo é permanente, quando no íntimo de quem afirma isso, daqui a um ano e pouco está no poder, e pode reverter a situação Esse tipo de infantilidade, que subestima a inteligência do povo, tem de acabar, e tem de ser de uma vez por todas banido do discurso dos nossos agentes políticos. Será que o líder do Ps acha que nós temos todos uma inteligência moderada?

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