quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Bayer Lervekusen Benfica. Um jogo mítico e emocionante, mas provavelmente irrepetível

O jogo de logo à noite que vai opor o Benfica com os alemães do Bayer de Lerverkusen, tem um sabor muito especial. Lembro-me como se fosse hoje, daquele fantástico jogo do 4 a 4 que fizemos em Lerverkusen, depois de termos empatado 1 a 1 em Lisboa. Está bem presente na minha memória o momento em que os alemães fazem o 2 aa 0 e começam a festejar aquilo que para eles era a passagem garantida às meias finais da então taça das taças. Quando nada o fazia prever, o Benfica renasce das cinzas e opera uma fantástica revira volta do jogo, passando de uma desvantagem de 2 a 0 para uma vantagem de 3 a 2, deixando os alemães completamente mudos. Mas o jogo estava ainda longe do fim. Em poucos minutos, o Bayer Lerverkusen opera nova revira volta e com dois golos quase seguidos passa de novo para a frente com uma vantagem de 4 a 3. Quase no final, o Benfica empata o jogo, e com os tais míticos 4 a 4 passamos a eliminatória porque com dois empates, marcamos mais golos fora. Aliás esta época de 1993/1994, altura em que se realizou este grande jogo, foi uma época cheia de emoções. Deixem-me confessar-vos que foi indiscutivelmente a época mais fascinante e emocionante que eu assisti na minha vida. Inicialmente o Benfica estava de rastos. Nesse verão, o Sporting contratou Paulo Sousa e Pacheco, dois jogadores fundamentais na estrutura do Benfica das ultimas épocas, e só não conseguiu contratar João Pinto por obra e graça do Espírito Santo. Toni, o treinador, começou com expectativas muito baixas. O que é certo é que jogo a jogo, o Benfica foi cimentando a sua posição e no final da época, conseguiu ser campeão nacional, e ir às meias finais da taça das taças, perdendo então com o na altura todo poderoso Parma de Itália, com uma vitória de 2 a 1 em Lisboa, e uma derrota por 1 a 0 em Itália, num jogo em que o Carlos Moser foi expulso sensivelmente aos 30 minutos de jogo. Uma grande época, que culminou com a despedida do treinador. O enorme Toni, homem que muito admiro e que ainda hoje nutro uma grande simpatia, e ao mesmo tempo revolta pela forma como o seu clube de coração o tratou. Depois de um ano em que foi campeão e fez uma campanha formidável nas competições europeias, ter sido despedido, apenas cabe na cabeça de loucos e irresponsáveis como é o caso do pior presidente da História do Clube, de seu Nome Manuel Damásio. E aqui eu estou a medir bem as palavras e não estou distraído. Eu sei que há o trauma de Vale e Azevedo. Mas estou profundamente convicto que Damásio foi bem pior do que Vale e Azevedo, até porque em relação a este senhor, apesar de naturalmente não o querer de volta no Benfica, ainda há muita coisa para dizer, sobre tudo, a forma como ele é condenado e os restantes dirigentes desportivos, que adoptam as mesmas práticas ou ainda piores, continuam aí alegremente à solta sem sequer serem incomodados pela mesma justiça que faz de Vale e Azevedo o principal condenado e o culpado mais mediático da nossa sociedade, como se fosse ele o maior burlão que desgraça na vida deste país. Logo, aconteça o que acontecer, vai ser um jogo de emoções fortes. Nestes anos, tivemos o melhor e o pior do Benfica. O melhor que se traduziu na forma como a equipa conseguiu aproveitar as adversidades para se unir e fazer das tripas coração, alcançando êxitos inesquecíveis para todos os Benfiquistas. Mas por outro lado também assistimos ao pior, que foi a destruição gratuita de uma equipa campeã, e os anos que se seguiram foram sob o ponto de vista desportivo de longe os mais negros da nossa história. Por muito tempo que viva, agradeço à vida poder recordar este momento inolvidável do 4 a 4, e que bom seria se pelo menos o jogo de amanhã fosse tão emocionante como o de à 19 anos!

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