Natal. Não é a festa do Menino, mas sim a Festa do Jesus Homem.
Ao contrário do que a sociedade de mercado e de consumo nos tenta vender ano após ano, o natal não é a festa dos presentes.
Parece-me aliás que esta ideia é mais ou menos consensual, e hoje é politicamente correcto dizer-se que estamos a dar demasiada importância ao Pai Natal, e estamos a esquecer-nos do menino Jesus.
O mais grave, é que apesar de muita gente até defender esta tese, ainda estamos na fase em que o natal é a festa do mercado, das prendas, dos desvarios, do consumo, das loucuras, e até chegamos a um ponto em que comparamos o valor monetário dos presentes que damos e que vamos receber em troca da pessoa a quem os oferecemos.
Então eu dei-lhe um presente que vale 25 euros, e ele ou ela só me deu um presente que vale 10! Deixa lá para o ano vão ver o que é bom para a tosse.
E ao contrário do que possam pensar, esta ainda é a mentalidade que está entranhada em muita gente que apenas vê nestas festas um pretexto para fazer sair das entranhas a gula, o querer ter em vez do querer ser.
Mas no que a mim me diz respeito, se eu não partilho de todo com esta concepção mercantilista do natal, também não comungo com esta imagem defendida pelas religiões cristãs, do Menino Jesus, um ser assim pequenino sem rosto, sem opinião, sem intervenção, como se Jesus efectivamente fosse isso.
Aliás, curiosamente, Jesus deve ser o único caso em que ano após ano, quando festejamos o seu nascimento, falamos apenas do menino e não do homem, como se Jesus não tivesse crescido, não tivesse vivido uma vida plena, cheia de graça, de ensinamentos e de exemplos que podemos aproveitar.
Se repararem bem, quando festejamos o nosso natal, não falamos só do período em que nascemos. Mesmo quando celebramos o nascimento de quem já não está entre nós, falamos da sua vida, da sua obra, das suas descobertas e das suas conquistas.
Que seria se ao celebrar o nascimento de José Afonso, não lembrássemos a sua música, e apenas o simples facto de ele ter nascido?
É precisamente isso que sucede com Jesus. Apresenta-se um presépio com o menino nas palhinhas deitado, como se isso fosse algo de assim tão relevante.
Para mim, comemorar o nascimento de Jesus sem falar do que ele fez, e sem bebermos os seus ensinamentos é perfeitamente inútil. E é por isso que eu entendo que o Natal não é a festa do Menino, mas sim do Jesus homem, aquele que viveu ao lado dos pobres, dos oprimidos, dos marginalizados pela sociedade, daqueles que não têm nem vez nem voz, e que sempre afrontou os poderosos.
Esse sim, é o Jesus que interessa às populações, e que é a maior fonte de inspiração para todos nós humanos, e a melhor boa notícia que a humanidade conheceu.
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