A esquerda deve ter muito juízo
No espaço de um mês o contexto social do nosso país mudou significativamente. Hoje, há um sentimento generalizado de perca de respeito ao governo, às instituições, e também à classe política em geral. Aqueles camaradas que confundem constantemente a CGTP com o PCP bem que podem estar iludidos que o desencanto popular não os afecta, mas desenganem-se redondamente, não só os comunistas, como também os bloquistas que legitimamente participam nestas manifestações, mas que é bom dizer, também fazem parte do desencanto do povo, porque o que está em causa é a classe política no seu todo. Naturalmente, uns com mais responsabilidades do que outros, mas todos responsáveis! Porque se uns governam, e como é natural cometem erros, pois lá diz o velho ditado, só não erra quem nada faz, outros usam apenas a táctica da terra queimada para se manterem vivos à tona da água. E esses também são responsáveis, porque eu enquanto cidadão, não me basta saber que esta alternativa não serve. Isso mais ou menos eu já sei! Mas preciso de saber que alternativas existem. E eu não posso acusar os actuais governantes de quererem fazer do povo ratos de laboratório, e depois vir aceitar que os partidos mais à esquerda nos queiram levar para o desconhecido, mandem medidas avulsas sem qualquer estudo prévio, naquela base do, sei que não é por aí, mas também não sei para onde é o caminho. E há uma coisa que esses meus compatriotas de esquerda devem dizer às pessoas. Se acabarmos com a troika, vamos entrar num mundo completamente desconhecido, e vamos empobrecer a curto prazo muito mais do que agora. E isto por uma razão que qualquer pessoa entende. Quando se fala em défice das contas publicas, significa que o estado gasta mais do que recebe. Se gasta mais, qualquer pessoa inteligente entende que para que esse estado se mantenha vivo precisa de pedir dinheiro emprestado. É uma equação muito simples de se fazer, nem preciso de ser o António Borges! Se como defendem os comunistas e bloquistas rasgarmos o memorando com a troika, como vamos convencer os países ricos a emprestarem-nos dinheiro? Se eles sabem que nós não pagamos o que devemos, alguém com juízo acredita que eles nos continuariam a ajudar? É por isso que eu não entendo sinceramente a política por exemplo de Francisco louçã, e também em Parte de Jerónimo de Sousa. Eles enchem a boca para dizer que devemos mandar às malvas o memorando. Muito bem, esta ideia até me agrada! Mas depois, aí é que falta a coragem. Digam às pessoas o que lhes vai acontecer depois disso! Não andem aí a dizer que devemos ficar sozinhos, sem nos dizerem as consequências que previsivelmente nos vão acontecer. Porque se não tenho de o dizer abertamente, não são nada sérios, desculpem o mau jeito! É muito fácil incendiar e depois refugiarmo-nos num lago de água para não sermos queimados pelo fogo. Mas, mais importante do que dizemos é aquilo que fazemos. E se os partidos mais à esquerda teimarem em seguir este caminho, então espero que a população em geral os considerem como propagandistas, como partidos que gostam de aparecer nas manifestações, mas que naturalmente não servem para construir, nem podem ser considerados como alternativa credível para o que quer que seja. E este clima social que temos vivido, demonstra bem que se por um lado o país está mal e o governo tem cometido muitos erros, e sobre tudo alguns parasitas que ou são ministros, ou gravitam em torno do governo, e que mais valia que Passos Coelho os situasse, e mudasse de conselheiros, temos todos estes incendiários, que apesar de terem razão na análise que faz, cometem um pecado mortal que é não contribuir de uma forma séria para o esclarecimento, e para o encontrar de outras alternativas. E o que é preciso perguntar ao povo, é se preferem continuar na Europa, ou passar a viver à margem dela? Preferem continuar inseridos neste mercado global, ou ficarmos aqui orgulhosamente sós? Neste momento parece que apenas estamos interessados é em saber quanto tempo dura este governo. Os media, hávios de sangue e de ferramentas para notícias, estão constantemente a alimentar a ideia que o governo a qualquer momento pode cair. É normal, os comentadores gostam de sensacionalismo. É assim com todos os governos. Uma mudança de governo garante-lhes à cabeça meio ano de intensos comentários, de intensas participações em programas de debate, em suma garantem uma roda-viva enormíssima cheia de trabalho. No entanto, Se isso resolvesse o problema do país, muito bem, demita-se o governo. A questão é que infelizmente isso não resolve o problema do país, e quem estiver com um espírito minimamente realista sabe que ninguém era capaz de fazer melhor. E é por isso que eu digo que, eventualmente podem pensar que eu enlouqueci de vez ao defender tão explicitamente este governo, mas é aquilo que penso, entendo que as coisas estão a assumir proporções absolutamente insustentáveis, já ninguém pode abrir a boca para dizer nada, que caio Carmo e a trindade, o governo recua na TSU e mesmo assim continuam a ridicularizá-lo, quando eu elogio a maturidade do Primeiro-ministro e a vontade enorme do povo, que se mobilizou essencialmente por causa desta medida, e que conseguiu vencer a teimosia desses tecnocratas que já vimos este fim de semana, nem foi o primeiro ministro que directamente quis implementar esta medida, mas sim um tal de António Borges, que esse sim devia ser corrido porque é dos tais abutres da finanças em que para ele as pessoas verdadeiramente não interessam. E o problema é que se passos Coelho não se conseguir libertar desses espartilhos, como outro caso do António Nogueira de Brito que ameaçou que se pirava, e que para mal dos nossos pecados não vai cumprir com a sua ameaça, pode entrar num descrédito tal que então sim, o governo fica tão podre que melhor será mudar de governo, mesmo sabendo que não vão fazer melhor. Mas creio, que todos têm andado mal, e até aqueles que ultimamente têm alimentado uma histeria enorme contra este governo por causa de uma medida patética, que eles até corrigiram. E ainda ontem ouvia, alguns comentadores a ridicularizarem o primeiro-ministro por causa da famigerada lei da meia hora. É incrível, como é que de uma virtude. Ou seja, saber recuar e negociar com a consertação, esses comentadores transformam em crítica e em motivo para chacota.
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