Francisco Louçã. Um líder político igual a tantos outros, ou pior.
Ao acompanhar a mais recente actividade política de Francisco Louçã, pode-se dizer com toda a propriedade que “bem prega frei Tomás, faz o que ele diz, não faças o que ele faz”!
O coordenador do bloco de esquerda, que defende a limitação de mandatos nas autarquias e a rotatividade nas lideranças dos partidos dos outros, já é o principal rosto do Bloco à 13 anos.
Curiosamente, o homem que mais defende a alternância das lideranças, é aquele que está à mais tempo como líder de um partido. Curioso não é?
Nos últimos 13 anos todos os partidos tiveram mais do que um líder, menos o bloco de esquerda que manteve sempre o mesmo.
Bem que se pode aqui aplicar aquele ditado popular que diz que “pimenta no rabo dos outros é refresco”!
Nos outros partidos, quando um líder cessa funções, normalmente não interfere na sua sucessão. É uma prática que me parece correcta. Acho que quando há uma troca de liderança, o novo rosto deve estar à vontade para emprestar ao partido o seu cunho pessoal, e não deve ser influenciado nem positiva nem negativamente pelo ciclo anterior.
Mas o bloco tem de ser diferente em tudo, e até nas coisas boas.
Francisco Louçã entende que se deve empenhar a fundo na construção da alternativa à sua própria liderança, e de uma forma directa decide influenciar o debate político dentro do seu próprio partido.
Nos outros partidos, é normal que quando um líder cessa funções, não assuma cargos de responsabilidade dentro do próprio partido. Isso vai sufocar muito a nova liderança, e acaba por impedir a desejável mudança e a consequente renovação política.
Mais uma vez, Louçã acha que mesmo deixando de ser líder do Bloco deve continuar nas estruturas dirigentes, e assim continuar a ter acento nos órgãos decisores do Bloco.
Ou seja, sai mas não sai! E no fundo o que ele deseja mesmo é continuar a mandar sem dar a cara.
E não nos esqueçamos que as duas pessoas que Louçã defende para a sua sucessão, são da sua inteira confiança.
Creio sinceramente que quando o acusam de estar a fazer política suja, não é nada exagerado. Porque, a ideia que passa para a opinião pública é que Louçã politicamente falando é um egocêntrico, e que quer que a liderança do bloco seja ocupada por dois dos seus discípulos, para que ele possa continuar a influenciar directamente os destinos do partido.
É uma forma habilidosa de se tentar vender uma ideia de mudança, mas não é muito honesta, porque no fundo tudo irá ficar na mesma, mudando apenas a forma e não o conteúdo.
Fica provado que o bloco de esquerda é um partido exactamente igual aos outros, e no que concerne à legitimidade no combate aos jogos de poder nos partidos políticos, o seu actual líder perdeu toda a legitimidade para reivindicar qualquer superioridade moral.
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