sexta-feira, 13 de abril de 2012

Paulo Pereira Cristóvão. A armadilha que pode ter efeitos desportivamente apocalípticos

É uma das notícias da semana. Paulo Pereira Cristóvão foi constituído arguido num caso que à primeira vista é francamente estranho, e ao mesmo tempo caricato.
Na semana que antecedeu o Sporting Marítimo dos quartos de final da taça de Portugal, alguém depositou na conta de José Cardinal, árbitro assistente, dois mil euros em notas.
Este árbitro assistente, que estava nomeado para esse Sporting Marítimo, ao que parece ficou de pé atrás com tamanha oferta, tanto que até pediu despensa do jogo, alegando razões pessoais.
Das duas uma. Ou damos como dado adquirido que José Cardinal tinha mesmo razões particulares que o impediam de estar no jogo, ou então, também podemos especular sobre a possibilidade de este pedido de dispensa estar relacionado com esta dádiva de 2000 euros, assim aparentemente vindos do nada!
E se seguirmos esta hipótese, creio que se pode chegar à conclusão que José Cardinal não participou em nenhum acto de corrupção, porque se isso tivesse acontecido, ele teria de comparecer no jogo, e desempenhar o papel para o qual tinha sido pago.
Claro está que Cardinal pode ter sabido antecipadamente que algo correra mal, e decidiu não ir ao jogo para evitar problemas, é também uma hipótese.
Para adensar mais esta nuvem de fumo, temos a posição do Sporting clube de Portugal, que diz ter recebido uma denúncia anónima, e que deu dela conhecimento ao Presidente da Federação portuguesa de Futebol.
Porém o dado que mais pode ajudar a deslaçar este nó, está na pessoa que depositou o dinheiro no banco da Madeira, e que pelos jeitos trabalha para a empresa de Paulo Pereira Cristóvão.
Como é óbvio, estamos no campo das hipóteses, e podemos encontrar várias teorias distintas, que nos poderão levar a caminhos tão diferentes como por exemplo o de o Sporting através de Paulo Pereira Cristóvão quererem aniquilar José Cardinal, e é bom dizer que este árbitro assistente tem sido alvo de críticas duríssimas dos responsáveis do Sporting, que já vêm de alguns anos atrás, fazendo com que Cardinal seja claramente uma persona não grata para os lados de Alvalade, ou então, podemos sustentar uma outra tese que nos faça concluir que a armadilha pode ter sido provocada por alguém que quis trair Paulo Pereira Cristóvão e consequentemente o Sporting. É que só o facto de o depositário ter relações profissionais com a empresa do vice-presidente do Sporting, só por si não diz tudo. Diz muita coisa, naturalmente, mas não diz tudo!
Reparemos no pormenor de este depósito ter sido efectuado na Madeira, em vésperas de um Sporting Marítimo, equipa que é da Madeira.
Será que o Marítimo teve alguma coisa haver com isto?
O que se sabe é que eles se queixaram bastante da arbitragem no final do Jogo contra o Sporting, e que o treinador, Pedro Martins, curiosamente até falou em José Cardinal, dizendo que mais valia fazer como ele que ficou em casa!
Se o Marítimo tiver alguma relação com este caso, o que podemos dizer é que andam a deitar dinheiro fora, porque, foram pagar a um árbitro auxiliar que depois nem sequer compareceu no jogo.
E por outro lado, seria mais lógico terem tentado corromper o árbitro principal, digo eu!
Ora aqui está uma salgalhada que daria um excelente argumento para o início de uma boa novela.
Há no entanto uma conclusão que é preciso tirar. Este caso é demasiado grave, para que não se vá até às últimas consequências.
Creio ser evidente que estamos perante um caso de corrupção desportiva, que já mais pode ficar impune.
E lamento dizer, mas é preciso pôr o dedo na ferida. Ou o Sporting, ou o Marítimo são quase de certeza culpados. O Boavista, relembro desceu de divisão, vamos ver agora o que acontece.
Já podemos ler vários especialistas em direito desportivo que nos afiançam que com os dados que são conhecidos, o Sporting não terá consequências desportivas.
Podemos concluir igualmente que seja quem for a instituição que tentou corromper o árbitro auxiliar, nenhuma beneficiou coisa nenhuma com esse acto, porque ele nem sequer foi ao jogo.
Apesar disso, parece-me do senso comum, que quando um cidadão rouba o que quer que seja, mesmo que depois venha a ser apanhado e tenha de devolver esse bem na mesma hora, não deixa de ser julgado e punido.
Vamos estar atentos aos próximos desenvolvimentos, e espero sinceramente que para bem da justiça no Futebol, hajam responsabilizações, porque lá que os culpados existem, creio que ninguém tem dúvidas.

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