domingo, 27 de novembro de 2011

A caixa de segurança ardeu e não serviu para nada.

Embora fosse previsível alguma animosidade entre as instituições Benfica e Sporting, que se reflecte invariavelmente no comportamento dos adeptos, nada fazia prever esta atitude, supostamente da claque que apoiou o Sporting.
Creio não errar se disser que nem o mais pessimista dos pessimistas esperava que no final do jogo uma parte do estádio começasse a arder, e que os responsáveis por esse crime terem sido energúmenos.
Reparem que eu não os apelido de apoiantes do Sporting, nem muito menos de adeptos de futebol. Falo de seres humanos sem princípios, sem sentido de responsabilidade, e que apenas se querem aproveitar do futebol para criarem distúrbios, coisa que na sociedade civil e individualmente já mais podiam fazer.
É verdade que infelizmente, os responsáveis pelos clubes muitas vezes conseguem acicatar as massas de tal forma, que ao primeiro rastilho a bomba rebenta iniciando-se logo uma espiral de violência. No entanto, é bem verdade que a culpa em última instância é sempre dos prevaricadores, e que eu não concebo que muitas vezes se identifiquem esses desordeiros, e que se continue a permitir a sua entrada tranquilamente nos estádios de futebol.
Eu já aqui referi que discordava frontalmente desta postura do Benfica em ter criado esta gaiola de segurança. Independentemente dos méritos de tal medida, e mesmo isso são francamente discutíveis, considerando que é bem possível que futuramente eles acabem por deixar de existir nos estádios internacionais, e de podermos muito bem estar a fazer um caminho inverso, o timing para esta medida foi francamente desajustado.
Considerando aquilo que dizem os responsáveis do Benfica, ou seja, que este sistema é usado em muitos estádios lá fora, eu pergunto. Então porque não se testou este sistema num jogo da liga dos campeões? Já tivemos dois! Não seria digamos muito menos suspeito experimentar a gaiola contra o Manchester?
Obviamente que me podem dizer que todos os jogos são iguais e que aqueles que estão contra este sistema é que exageram ao dizer que terá sido propositado usar isto a primeira vez contra um rival. No entanto, admitindo as possíveis boas intenções, há que ter o bom senso para perceber que um jogo contra o Sporting não é bem a mesma coisa que um jogo contra o Manchester.
Por outro lado, mesmo admitindo a naturalíssima parcialidade das opiniões dos responsáveis do Sporting, não sei se as condições de visibilidade eram as ideais, se é mesmo verdade aquilo que eles afirmam, segundo o qual os adeptos nem uma casa de banho tinham, e do facto de as pessoas estarem amontoadas, sendo obrigadas a estarem duas por lugar. .
Saber Isto para mim é fundamental porque todos os adeptos pagam o seu bilhete, e não precisam de estar enjaulados, um pouco à margem do resto do estádio, como se aqueles adeptos fossem diferentes dos outros e fossem todos potenciais criminosos.
Francamente, não percebo esta atitude do Benfica, considerando que ultimamente até haviam relações cordiais entre as duas equipas. Só pergunto. Será que isto tem alguma coisa haver com as eleições para a federação portuguesa de futebol?
Eu sei lá. Passou-me isto pela cabeça! Eu que nem sonhe que isto é verdade, porque a ser assim fico muito triste com os responsáveis do meu clube, porque já mais, mas mesmo já mais poderia aceitar que os adeptos de futebol fossem instrumentalizados por causa dos caprichos dos dirigentes dos clubes, e os seus consequentes jogos de bastidores.
Se algum dia houver um indício que seja, que as coisas estão interligadas, creio que os responsáveis por esta instrumentalização não poderão mais servir o Benfica, advenham as consequências que advierem.
E esta animosidade que surgiu por causa da gaiola voltou a ser alimentada de uma forma absolutamente patética pelo director de comunicação do Benfica.
Que me desculpem os meus amigos e companheiros benfiquistas, mas não posso deixar de dizer isto. Este tal Senhor Gabriel é uma boca de incêndio do mais reles que há.
Não estou a imbirrar com o Benfica, mas quando se alimenta uma discussão do tipo, foram devolvidos 24 ou 46 bilhetes, e se usa isso como arma de arremesso é francamente triste.
Quando se misturam questões que apenas se relacionam com os adeptos e as consequentes condições de segurança com o desempenho dos jogadores é demagógico e por isso inaceitável. Parece que o mérito destas medidas estava pendente da performance da equipa! O Benfica ganhou, ficamos obviamente todos contentes, mas isso não tem nada que ver com a discussão em volta dos incidentes extra jogo, até porque esse mesmo jogo decorreu normalmente sem violência, e as próprias declarações dos intervenientes no final do jogo foram francamente cordiais.
Digamos que mesmo fora de campo estiveram muito melhor os artistas, do que aqueles que gravitam em torno das equipas, e como não conseguem ter protagonismo de outra forma, então desatam a incendiar ainda mais as massas.
Finalmente, convém frisar claramente que estas atitudes do Benfica não justificam nem de longe nem de perto a atitude de alguns tipos que esses sim mereceram estar na gaiola. Essa atitude é deplorável, podia inclusive ter sido trágica porque nessa altura em que o fogo se iniciou ainda estava gente no estádio, e os bombeiros não conseguiram controlar as chamas naquele momento, e para além dos prejuízos que isso causou ao estádio da luz, e naturalmente até para o próprio Sporting, que seria uma vergonha se depois disto o estádio de Alvalade não fosse interditado durante alguns jogos, ou então serem obrigados a realizar jogos à porta fechada como sucede nas competições europeias, o que em minha opinião vendo as coisas sob o ponto de vista para a punição dos prevaricadores será muito mais prejudicial, embora considere que é muito triste haverem jogos de futebol sem público, mas mais triste ainda são estas atitudes ignóbeis como as que assistimos no dia de ontem.
Gostava de me lembrar do jogo intenso, da forma como os artistas foram correctos, e é muita pena que tudo isso tenha sido manchado após o final do jogo.
Mas cabe-nos dar a importância àquilo que nos convier.

Sem comentários: