Opinião favorável à proibição da difusão de sondagens na última semana antes de um acto eleitoral.
Sabemos que infelizmente as sondagens quase que decidem quem são os vencedores dos actos eleitorais.
A maior parte dos eleitores, acabam consciente ou inconscientemente por se deixarem influenciar com as sondagens.
Temos vários órgãos de comunicação social que até encomendam duas e três sondagens por semana. Hoje mais do que nunca elas representam um chorudo negócio, e isto está tão liberalizado que nem sequer existe controlo nenhum sobre as empresas de sondagens, metodologias de trabalho, resultados apresentados, credibilidade das projecções etc.
Como não existe, as empresas podem atirar cá para fora resultados sem o mínimo de fundamento, que depois acabam por conseguir o objectivo. Uma força política está muito mal nas sondagens, e isso vai desmobilizar uma parte do eleitorado que estava a pensar votar naquele partido. Aqui funciona um pouco aquela tese do Maria vai com as outras!
Da mesma forma que também pode dar-se o caso de um Partido estar muito à frente nas sondagens, e porque se acredita que vai ganhar, muitos eleitores acabam por não se darem, ao trabalho de irem votar, o que numa situação mais extrema, até pode colocar em causa a vitória à muito anunciada.
A solução no meu ponto de vista seria apertar mais a fiscalização, e regulamentar muito bem o trabalho das empresas de sondagens. Por exemplo, conceder alvarás, e definir critérios muito rígidos que as empresas seriam obrigadas a cumprir.
Temos empresas para todos os gostos, mas creio que quando estamos a falar de eleições políticas, as coisas devem ser mais rigorosas, e não se deve condicionar nem os próprios partidos que por vezes mudam o seu discurso por causa das sondagens, e infelizmente essa mudança tende a ser para pior, mais demagogia e mais populismo, mas não deve sobre tudo condicionar o voto dos eleitores.
Mas uma necessária legislação sobre esta matéria não podia ficar só por aqui. Talvez a medida mais importante seja a de impedir a divulgação de sondagens na última semana antes de cada acto eleitoral.
Já tivemos esta imposição durante muitos anos, e na altura muitos achavam que a mesma era ridícula porque já haviam passado mais de 20 anos do 25 de Abril.
Mas na verdade, esta lei eleitoral é altamente contraditória. Porque aboliu uma medida que no meu ponto de vista não prejudicava a discussão política nem a campanha eleitoral, bem pelo contrário, só beneficiava, porque retirava muito do ruído provocado pelas sondagens, e por outro lado mantém o já famoso dia de reflexão que eu discordo frontalmente, e que isso sim, cheira a antigo regime, a resquícios do tempo em que a democracia era algo não bem aceite e entendido pelas populações.
Hoje, uma grande parte da sociedade civil continua sem saber o que é democracia, mas por uma questão de facilidade de raciocínio e compreensão, vamos excepcionalmente encarar o termo democracia como mero acto de votar, o que como todos sabem está muito longe de corresponder à verdade, porque democracia é muito mais que isso.
Um outro argumento a favor desta medida de impedir a difusão de sondagens tem haver com a serenidade que eu acho que isto iria dar ao acto eleitoral. Se a única coisa que contasse fosse apenas o debate político, era muito mais democrático, mais correcto, mais justo e sobre tudo valorizava-se mais a discussão de ideias, ao contrário do que sucede actualmente, em que se valoriza sobre tudo o espectáculo, e aí a epidemia das sondagens tem um papel preponderante sem margem para qualquer dúvida.
É verdade que os eleitores não devem influenciar o seu sentido de voto pelas sondagens. interessa pois perceber se eles o deixam ou não.
E como eu, e muitos outros achamos que sim, entendo que não se deve apresentar sondagens indiscriminadamente, porque se as pessoas são influenciáveis, então o resultado da eleição está à partida viciado. Não tenhamos medo das palavras.
Por outro lado se por exemplo todas as pessoas viajassem de automóvel com o sinto de segurança, não era preciso criar uma lei que obrigasse as pessoas a isso. E muitas outras leis que são criadas porque apesar dos cidadãos deverem adoptar certo tipo de comportamentos, não o fazem, e aí é preciso criar legislação que os obrigue a fazer, a bem da ordem pública.
Creio que esta lei das sondagens se enquadra perfeitamente nisto.
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