quarta-feira, 20 de abril de 2011

Espectáculos a realizar hoje e amanhã envolvem 36 elementos, dos quais 20 são cegos, que vão tocar os mais diversos instrumentos

Filipe além de músico, é telefonista

Quando a música é mesmo para todos

projecto da Casa da Música, no Porto, envolve 20 cegos da ACAPO de Braga e formandos do Curso de Formação de Animadores Musicais. Hoje e amanhã, apresentam os resultados da parceria ..

AGUSTINHO SANTOS - - agostinhosantos @jn.pt

entusiasmo é mais forte do que o ligeiro nervosismo para quem vai pisar o palco da Casa da Música, no Porto, pela primeira vez. E hoje e amanhã, pelas 21 horas, as atenções estarão direccionadas para o projecto ”Blind Date: Música ao alcance de todos ”, em que participam, apar dos formandos do VI Curso de Formação de Animadores Musicais da Casa da Música, cerca de 20 cegos ou pessoas com visão reduzida. Verónica Baptista, de 28 anos, aluna do terceiro ano de Psicologia da Universidade doMinho, eFilipe Azevedo, de
30 anos, músico e telefonista em Braga, são dois dos elementos que a Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO) indicou para participarem no projecto, da responsabilidade da Casa da Música. A estudante define a experiência como ”apaixonante e bastante motivadora ”, sublinhando que acontecimentos deste tipo ”são muito importantes para os cegos ”. Também Filipe Azevedo, que já não é nenhum novato na área musical, pois até já pertenceu a uma banda, entende que o projecto prima,sobretudo, ”pela aposta na sonoridade. Enquanto, de uma maneira geral, os espectáculos têm sempre uma forte componente visual,este privilegia os sons ”. A sua colega Verónica corrobora, acrescentando que a experiência tem ”uma mais - valia ”, que é o facto de envolver músicos e cegos, ou seja, transformou -se numa orquestra mista, facto que, na opinião da estudante, ”é bastante positivo ”. Verónica Baptista mostra -se também fascinada pela diversidade dos instrumentos que toca, desde o casu, a conga e opandeiro até ao recurso da própria voz. Através dos ensaios, cheguei à conclusão de que é bastante enriquecedor tocar vários instrumentos, permite -nos uma maior liberdade de expressão ”, diz. Não pondo de parte a música como seu futuro de vida, entende, por outro lado, que é na área da Psicologia que pretende vingar profissionalmente, até porque, afuma, ”já vou tarde para entrar no universo musical ”. Mas Filipe Azevedo não descarta aideia de regressar definitivamente àmúsica, fazendo dela o seu principal sustento. Durante vários anos, chegou a ser profissional, no entanto, sublinha que, ”com a crise, fui obrigado a procurar outras formas de vida. Por isso, optei por ser telefonista e recepcionista dos Transportes Urbanos de Braga, actividade de que também gosto ”. Mas é na música que se sente realizado e, por isso, não deixou escapar a oportunidade de integrareste projecto, que considera ser ”o máximo, uma experiência fascinante que nos incentiva à prática da música ”. Esta observação corresponde, precisamente, a um dos principais objectivos de ”Blind Date: Música ao alcance de todos ”, que o Serviço Educativo da Casa da Música lançou há vários anos. Jorge Prendas, responsável por este departamento,
considera, que com o projecto, ”estamos a proporcionar experiências musicais às mais diversas comunidades, nomeadamente às que têm maiores dificuldade emter acesso à música ”. Pelo que assistimos, ontem, durante um dos ensaios, a aposta parece, ao que tudo indica, estar ganha, conseguindo captar novos elementos para a causa.

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