quarta-feira, 13 de abril de 2011

Disparate político 1ª edição

Estamos a atravessar uma grave crise financeira, mas também tenho de dizer que infelizmente não estamos nada em recessão no que respeita ao disparate político.
Se as contas públicas tivessem com o mesmo fulgor que está o tumulto na nossa vida política, Portugal estaria hoje não a pedir dinheiro emprestado ao FMI, mas a ajudar a sustentar o fundo, para auxiliar outros países que estão a atravessar dificuldades.
O último conjunto de disparates foi protagonizado por Pedro Passos Coelho.
Na entrevista que ele concedeu à TVI, acrescentou mais duas pitadas bem grandes de polémica.
Primeiro anunciou que afinal José Sócrates o convidou para um encontro a sós, antes de apresentar o pec 4 à União Europeia. Aquilo que nos tinha sido dito é que tinha havido apenas um telefonema. Afinal houve mais qualquer coisinha!
Se Passos Coelho pensava que ia ganhar pontos ao fazer esta revelação de última hora, saiu-lhe o tiro pela culatra.
E mais uma vez parece que esta polémica não deixa ninguém ficar bem na fotografia.
Passos Coelho, inexplicavelmente vem agora falar deste tal encontro, um mês depois de o Pec ter sido rejeitado, quando a versão que na altura circulou, e que o próprio Passos coelho sempre alimentou, foi a de que ninguém tinha sido avisado do Pec, nem a presidência da república, nem a oposição.
Inexplicavelmente, o Partido socialista, também acaba por ter uma atitude no meu ponto de vista incompreensível ao deixar que circulasse essa versão e não ter desmentido na altura.
Fica claramente a ideia que parece que ninguém está a dizer a verdade toda, e isso é inadmissível considerando o período extremamente difícil em que vivemos. Não podemos deixar que dois políticos brinquem às crises e às eleições.
Claro que não sabemos o que se passou nessa reunião, mas pela forma como os líderes políticos, designadamente paços Coelho a ocultaram, é legítimo especular à cerca do que aconteceu, e até dos possíveis arranjinhos que poderão ter havido.
Tenho de dizer que efectivamente, não parece ter havido uma negociação da forma como pelo menos eu a concebo.
Se dermos credibilidade a esta novíssima versão lançada por Passos Coelho, negociar não é contactar o principal partido da oposição com um dia de antecedência, quando provavelmente tudo já estava acordado.
Quanto à segunda ideia que Passos Coelho deixou, em jeito de insinuação, a mesma é francamente ridícula.
Passos Coelho afirmou que em sua opinião José Sócrates demitiu-se porque percebeu que o país não tinha dinheiro.
Este argumento não cola, e qualquer pessoa inteligente percebe que se a teoria de Pedro Passos Coelho tivesse cabimento, Sócrates não aceitava ser recandidato, sujeitando-se a ganhar a eleição e segundo essa teoria tonta, teria à mesma de governar um país falido!
De facto a classe política está a meter muitos auto golos. Talvez fosse bom parar e eixarem de dar entrevistas a torto e a direito, em catadupa, metendo consecutivamente os pés pelas mãos.
Depois de no fim de semana passado, Teixeira dos Santos ter representado um número muito triste e deprimente ao acrescentar uma polémica perfeitamente desnecessária, insinuando que era preciso vir um extra terrestre para negociar com a oposição, Passos Coelho não quis ficar atrás no que à asneira diz respeito.

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