O dia internacional da mulher, e as declarações de um bispo ortodoxo.
Hoje, é o dia internacional da mulher.
Oficialmente este dia foi decretado pela Onu em 1977, se bem que ele já era comemorado à muito tempo.
Dizem-nos que este dia começou a ser cozinhado no início do Século XX, primeiro nos estados unidos, onde as mulheres lutavam por melhores condições de vida, o direito ao voto entre outros. E continuou depois com as Mulheres ruças a exigirem trabalho, pão e paz, e pedirem para que a Rússia não entre na segunda guerra mundial.
Regra geral não aprovo os dias internacionais de coisa nenhuma. Repugna-me que nos seja imposto um calendário para falar das coisas. E embora se diga que durante todo o ano se pode falar dos direitos das mulheres, quer se queira quer não é neste dia em que este tema vem à baila, e ainda por cima as senhoras tiveram azar, porque neste ano o dia 8 de Março coincidiu com o Carnaval.
Também não aprovo movimentos nem feministas, nem obviamente machistas. Creio que para que possamos alcançar a justiça e a igualdade de sexos, temos de estar todos imbuídos de um espírito de verdadeira integração, ou seja, não temos homens e mulheres, temos seres humanos e ponto final!
O pior que pode acontecer é que as mulheres sejam lembradas no dia 8 de Março de cada ano, e que no resto do ano sejam novamente esquecidas.
Muitas das coisas que são reivindicadas pelas mulheres, designadamente: a remuneração igual ao homem quando desempenhar as mesmas funções, a progressão na carreira de igual modo que o homem e outras situações em que a mulher é claramente prejudicada, são inteiramente justas.
Sou apologista da plena igualdade, e apesar de isto ser simples de o dizer, é muito, mas mesmo muito difícil pôr em prática.
Mas neste dia, que é no calendário o dia da mulher, apesar de para mim o calendário neste particular não significar coisa nenhuma, não resisto em partilhar convosco umas declarações que ouvi, atribuídas a um bispo russo da igreja ortodoxa, declarações essas que versam precisamente sobre a mulher.
Elas são um verdadeiro escândalo para todos nós, e nem merecem que se teça muitos comentários, apenas em traços gerais dizer que a sorte deste senhor é que vivemos numa sociedade livre, em que a imbecilidade não tem limites.
Se eu tivesse de julgar um senhor deste calibre, internava-o num hospício, e tratava-o com muito cuidado e compreensão, mas faria de tudo para que ele não voltasse a entupir um órgão de comunicação social com estas ideias, que para além de perigosas e perversas, violam os direitos humanos.
Aquilo que o senhor disse foi o seguinte:
Uma mulher que se maquilhe como um palhaço não vai conseguir arranjar parceiro para a vida.
Se a mulher usar mini saia está a provocar os homens.
Se estiver bêbada e usar mini saia é ainda mais provocadora.
E se estiver activamente a meter conversa com alguém, então não deve ficar surpreendida se for violada.
Eu não disse? É mesmo um prato completo! Parecem 5 frases escolhidas a dedo.
Não é preciso ser-se especialista para perceber que este senhor é frustrado, ressabiado, mal resolvido, e que nunca terá experimentado um relacionamento feliz, ou então apresenta vários traumas, que digo eu, há uma grande probabilidade de terem acontecido por culpa exclusivamente do senhor Deus que ele idolatra.
Trata-se de um macho provavelmente castrado, sem sentimentos, sem afectos, que nunca amou e provavelmente nunca foi amado.
É um celibatário à força, um ser assexuado, que mais valia se ter afastado a tempo destas doutrinas castradoras, machistas, que transformam o humano em monstro. Um monstro que é capaz de subjugar as mulheres a mero ornamento de casa, quanto muito fadas do lar, muito ao jeito da mentalidade que felizmente já quase que se pode considerar pré-histórica.
Se este bispo se tivesse afastado a tempo destas catequeses, hoje poderia ser um homem com afectos, dotado da capacidade para encarar o homem e a mulher como seres humanos em radical igualdade, e nunca colocar o homem num patamar superior.
Infelizmente, muitas religiões, senão todas, continuam cada uma à sua maneira a encarnar um pouco da mentalidade patente nas declarações deste bispo da igreja ortodoxa Russa. A igreja católica por exemplo ao não conceder ordenamento presbitral às mulheres, está a praticar uma discriminação de todo escandalosa, que tem de ser denunciada até à exaustão, ainda por cima deve ser mais denunciada ainda pela queles que de certa forma estão ligados à Igreja, ou porque já foram membros dela, ou porque mesmo afastados anseiam por uma igreja diferente, para quem sabe, se voltarem a rever na sua filosofia e nos seus princípios.
Pena é que as mulheres aqui adoptam uma atitude de meras bobas da corte, porque se fossem pessoas interessadas em resolver definitivamente este problema gravíssimo, já mais aceitariam entrar numa igreja, até que finalmente a cúria romana aceitasse reparar este erro de lesa igualdade de acesso ao presbiterado.
É por estas e por outras que me posiciono contra os dias disto e daquilo. para resolver os problemas que as mulheres experimentam no que concerne à igualdade, teríamos provavelmente de ter não um dia, nem um mês, nem até um ano! Teríamos quiçá de ter uma década internacional da mulher.
é muito importante que as minhas irmãs percebam que a luta se faz todos os dias, não só no dia oito de Março, ainda por cima neste ano que foi carnaval. É preciso que vocês percebam que todos os dias são dias de denúncia, de acção, não só nesta vertente religiosa, que foi a que inspirou este meu texto, mas em todas as vertentes, em que o homem continue a estar num patamar superior.
Temos de ser todos iguais. Deus não criou homem e mulher à sua imagem e semelhança, Deus criou o ser humano, e isto é suficiente para exprimir aquilo que eu penso, e que deve nortear a acção de todos vida fora.
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