domingo, 6 de março de 2011

Festivais da canção não têm imenda.

Pela segunda vez consecutiva acompanhei o festival da canção, desta vez a 47ª edição.
Era um habitué nos festivais, mas desde 1995 tenho de dizer que a qualidade dos festivais começou a cair ano após ano.
Em minha opinião, este festival foi mais um daqueles nivelados por baixo. A qualidade das composições é duvidosa, e infelizmente a escolha dos júris sinceramente não tem qualquer critério, e só desprestigia o festival.
Já no ano passado fiquei com um sentimento de injustiça porque não foi escolhida a melhor música.
Nessa altura, nada disse porque acreditei ser suspeito. Uma das músicas a concurso era de um amigo meu. Ricardo Martins, caminheiro de Mim. gostei muito desta composição, e ter ficado em sétimo lugar na escolha final do júri foi no meu ponto de vista uma absoluta parvoíce, e demonstra claramente uma falta de conhecimento e sensibilidade para avaliar música.
Neste festival, já não estava no meu papel de suspeito. Não conhecia ninguém, vi apenas numa perspectiva crítica, completamente distante de todos os concorrentes.
Confesso que a música que eu mais gostei foi a 12, mas também não me choca nada a música vencedora, era claramente uma das que podia ganhar, até pela sua originalidade.
O que mais me choca, foi a votação que obteve a música oito. Não tenho obviamente nada contra a jovem que a interpretou, mas tenho de dizer conscientemente que era uma música muito pouco conseguida, nem foi assim tão bem cantada como isso, não tinha envolvência, era uma música pouco ritmada, em fim, seria uma composição a ter em conta obviamente se não houvessem melhores.
E neste caso haviam , digo sem hesitar que foram várias as cantigas que ultrapassaram esta oito, mas em tudo!
mesmo assim, tivemos vários distritos que elegeram esta canção como sendo a melhor.
Não sei qual é o critério que está por de traz da escolha de um júri distrital. Pelo que me fui apercebendo, privilegiam-se muito os jornalistas, os locutores de rádio, e uma aberração no meu ponto de vista, os músicos e cantores que nada têm haver com a música ligeira, que é no fundo a que está em competição.
Temos muita gente ligada à música clássica, e pese embora a formação académica que tenham, não ouvem música ligeira, não convivem com ela, e não possuem a sensibilidade necessária para avaliar aquilo que são os padrões dos festivais. Creio que é por aí que devemos de ir.
Não duvido das boas intenções, mas é por estas e por outras que os festivais hoje perderam todo o interesse. E é também por essas e por outras que todos se recordam dos vencedores dos festivais até meio da década de noventa, e que depois disso, salvo raras excepções, muito poucas foram as músicas que ficaram no ouvido.
se eu fosse concorrente ao festival seria certamente desmotivante. E talvez o mais difícil de gerir é a falta de critério. Não sabemos muito bem para onde o júri vai estar virado! E isso limita muito até a capacidade criativa, porque podemos estar a fazer uma música que em condições normais podia dar cartas até no festival europeu, mas termos o azar de apanhar uma maioria de júri que nada entende de festivais, e aprovar outras composições de qualidade mais baixa.
Estive durante vários anos sem ver o festival, e creiam que não fiquei com nenhuma vontade de ver para o ano. Ou os júris começam a ser escolhidos de uma forma mais selectiva, e até quem sabe acabar com esta história dos distritos, e escolher um painel de 10 ou 15 pessoas de reconhecido mérito, e muito importante.
O júri deveria ser conhecido do público, antes de se iniciarem as votações.
Creio que isso só ia emprestar transparência ao evento.

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