quarta-feira, 2 de março de 2011

Eugénio Corte Real e o clube da Madrugada marcaram-me de verdade.

Eugénio Corte Real foi um dos últimos grandes comunicadores que ocuparam a antena durante a madrugada, juntamente com o inseparável António Rolão.
O clube da madrugada, foi durante os poucos anos em que esteve no ar, a minha companhia de quase todos os dias. Quantas vezes eu acordava a meio da noite, de propósito para ouvir os debates acalorados que lá aconteciam. Lembro-me bem de um senhor Nunes Antunes, que nunca mais ouvi em lado algum, e que naquele programa era uma voz muito respeitada.
Lembro-me de outros ouvintes que participavam com as suas opiniões. Que grande programa! Era de madrugada, as pessoas falavam de uma forma muito mais descomplexada, haviam sempre assuntos novos todos os dias, o tema era rigoroso, e as discussões eram mesmo muito proveitosas.
Nunca mais a rádio portuguesa teve um programa igual, no mesmo horário. Aquele espaço entre as duas e as 6 da manhã era sagrado.
Eugénio Corte Real e António Rolão foram responsáveis pelo facto de eu ter tido muitas noites de insónia, consentida e voluntária é claro!
Tanta gente que por lá passou, e que hoje recordo com nostalgia. Sim, digo bem, nostalgia. Não porque eu seja particularmente saudosista, mas sim porque este modelo de rádio fascina-me, adoro a rádio conversa, a rádio debate, em que a palavra é construtiva, esclarecedora, e ajuda a crescer. E hoje temos muito pouco disto, a Rádio virou uma fábrica gigantesca de gira-discos, e inclusive o horário da madrugada da Antena Um não foge à regra, salvando-se apesar de tudo o programa do José Candeias entre as 5 e as 7 da manhã.
Mas voltando ao clube da madrugada, sabe-me bem recordar os fúria do açúcar, os porquinhos da Ilda, a telefonia virtual, um site sobre rádio que foi tantas vezes divulgado no programa, numa altura em que a Internet estava a dar os primeiros passos, e em que só um número reduzido de privilegiados lhe podia aceder.
Hoje tenho de agradecer aos mentores do programa, porque me ajudaram. E ajudaram de verdade! Uma parte daquilo que eu sou hoje, da minha filosofia de vida, deve-se sem dúvida a este programa que eu ouvia com grande interesse, e quanto tinha para aí uns 15 anos de vida. Mas já nessa altura ouvia a rádio palavra com enorme satisfação e entusiasmo. E não me arrependo. Pena é que hoje os mais jovens não podem crescer com estes programas, que tão bem fazem à mente.
Neste dia em que escrevo este texto, 2 de Março de 2011, a vida terrena de Eugénio Corte Real chegou ao final. Fica-me a saudade imensa do clube da madrugada. Meu caro Eugénio. Só por isto, valeu apena ter vivido. Muito obrigado sincero pelo clube da madrugada. Estou-lhe grato do fundo do coração, e onde estiver, espero que possa captar esta minha energia muito positiva, de quem lhe está grato por um dos programas de rádio que mais me marcou na minha vida.

Um grande abraço Eugénio Corte Real.

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