uma louca necessidade de perdoar e ser perdoado
Quero perdoar. Não sei quem, nem o quê, mas sei que preciso de perdoar.
Também quero ser perdoado. Não sei por quem, nem porquê, mas preciso mesmo de ser perdoado.
Quero ter aquela sensação mágica, em que a vida nos parece um oásis, em que sentimos o quan frágeis somos, mas ao mesmo tempo fortes de espírito, consciência limpa e límpida, prontos para o que vier a seguir, mais humanos, muito mais humanos, plenamente humanos.
Que bom. É bom quando nos abraçamos com uma força infinita, em que as bombas de dinamite são as palavras de perdão e de consolo que trocamos nesse abraço. E por cada bomba que explode e que ecoa no imenso oceano de amor que ali está mais presente do que nunca, é uma parte dos ressentimentos que vai definitivamente para o espaço, como se nunca tivesse verdadeiramente existido. E quando rebenta o último pedaço desse dinamite, ó Deus! Que alívio, que leveza de consciência, que felicidade, que prazer em desfrutar de um estado de espírito tão calmo e ao mesmo tempo tão feliz.
As coisas ganham outra dimensão, a vida começa outra vez, já com uma paz interior enorme, e com uma relação tão intensa e verdadeira. Até nós, renascemos de novo.
Quem é que nunca alguma vez sentiu este estado de maturidade humana e espiritual?
Falo de maturidade, porque é disso que se trata. Se mesmo os animais conseguem desenvolver afectos entre si, o homem , sendo o único animal sapiente que existe à face da terra, tem a obrigação de pautar a sua presença promovendo os afectos, o radical companheirismo e lealdade para com todos.
Isso sim é ser verdadeiramente inteligente. Tudo que não passar por aí, e se ao invés houver egoísmo, egocentrismo, maldade interior, passa a ser demência. E aí infelizmente estamos ainda no patamar dos animais selvagens que apenas se movem pelo extinto da sobrevivência.
A capacidade de perdoar e de aceitar ser perdoado, é talvez a atitude mais nobre do ser humano, desde que ela seja genuína e reparadora, isto é, que permita evoluir na nossa concepção da vida.
O perdão, e consequentemente a reconciliação é uma dádiva. Tão grande que só quem é mentalmente mais evoluído consegue desfrutar dela. É algo indescritível, altamente belo.
Sentir que começamos uma vida nova, que vamos poder viver sem voltar a fazer os mesmos erros, que podemos ser capazes de melhorar dia após dia, que semeamos um amor tão fecundo, que é capaz de ceifar, derrubar, aniquilar, destruir, matar, o ódio, o rancor, os ressentimentos, e consequentemente a discórdia e a inimizade.
Passamos assim a ser como Deus que mata inaplavelmente Lúcifer. quando semeamos o amor e o perdão, não à demónio que abale a nossa vida.
Deus e o diabo estão na nossa vida como dois corpos famintos. Como eles precisam de comer vão pedir-nos alimento. Mas como o homem tem a capacidade de pensar e por isso tem livre arbítrio, pode sempre alimentar um só corpo, ou os dois ao mesmo tempo.
Se alimentar um só, vai acontecer que o corpo que ele alimenta fica fortalecido, e o que não tiver alimento vai acabar por morrer.
Infelizmente muitos de nós, insistimos em alimentar os dois, e na pior das hipóteses teimamos em fazer de Lúcifer a nossa luz, o nosso anjo demoníaco. Mas se alimentarmos Deus, o corpo bom, vamos finalmente destruir o mal que está dentro de nós, e nessa altura a serão jorrados jactos de felicidade e de paz.
Falta muito, eu sei, Lúcifer está mais do que nunca fortalecido com o alimento do ódio e do rancor, mas eu acredito, nós vamos vencer-lhe, não tenham dúvida.
eu quero ser, e estou do lado do amor.
Quero perdoar e ser perdoado, não consigo viver sem a suprema sensação do perdão e da reconciliação.
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