segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Opinião sobre o livro a última criada de Salazar do jornalista Miguel Carvalho

Confesso que gosto muito de ler estes livros de certa forma históricos, para saber que enquanto país já mais podemos voltar aqueles tempos. Este livro fala muito do Portugal no fim do regime de Salazar, com base na Dona Maria, a última e eterna criada do ditador. E então é muito interessante sermos transportados para o Portugal do final da década de 60, e percebermos que à medida que Salazar ia morrendo o regime ia ficando igualmente moribundo. E a principal ilação que podemos tirar de mais este livro, é o facto de nessa altura, Portugal ser de facto um país muito pobre, em que a principal ambição das pessoas eram ser pobretas mas alegretas. Um Portugal sem ambição, sem futuro, com os jovens que, em vez de ficarem aqui a trabalhar aproveitando toda a força e energia, eram obrigados a ir combater para uma guerra estúpida no ultramar. Um Portugal que, ao contrário do que se diz, tinha uma casta de privilegiados, onde também havia corrupção, com a agravante de a maioria viver na miséria. Gostei bastante e não dei por mal empregue o tempo que passei a ler este livro, que tem duas particularidades muito interessantes. A primeira é que foi escrito por um jornalista muito competente, já com várias obras históricas publicadas. E a segunda conta com uma grande entrevista e o testemunho vivo de uma senhora que, felizmente ainda está entre nós, a Dona Rosalina Araújo, a Padeira de Favaios, que com 14 anos trabalhou com a Dona Maria no palácio do governo, e por isso ela conta muitas memórias vividas na primeira pessoa.

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