quarta-feira, 7 de novembro de 2018

A comunicação social faz bem em criticar Bolsonaro.

José Mendonça da Cruz escreveu para o observador um artigo sobre os críticos de Bolsonaro. Um artigo infelizmente lamentável, altamente demagógico e intelectualmente desonesto. Se a direita portuguesa está a derivar para as Trumpalhadas e para as Bolsonarisses, boa viagem, nesse comboio eu não entro. Apesar dos meus 37 aninhos, ainda sou do tempo da decência política. Sou do tempo em que uma mentira dita por um político era motivo de escândalo. Não me revejo nesta política de mentir descaradamente e aos olhos de todos, em que os apoiantes até já dizem com a naturalidade de quem acha isto normal, que o tipo diz aquelas coisas maradas mas depois não vai fazer nada daquilo. Imaginem ao ponto que chegamos! E o mais caricato dessa malta é que está descontente com os políticos de agora, e depois ri-se perante políticos pouco acima de grunhos. É estranho, não é? Parecem aqueles jovens, que descontentes com a família e com a burguesia em que vivem, decidem experimentar aquela aventura altamente radical de irem combater para o estado islâmico na Síria. E depois ainda dizem que são religiosos. Bem isso é mesmo o cúmulo da hipocrisia. Primeiro usam a religião para perseguir homossexuais, transsexuais, usam-na para andar com a bíblia debaixo do braço, numa espécie de arma em punho a imporem a lei de Deus a toda a gente. E ao mesmo tempo que usam a religião para isso, metem-se em negócios com regimes déspotas, tratam seres humanos imigrantes pior do que eram tratados os leprosos no tempo de Jesus. Aí a já não lhes dá jeito seguirem os ensinamentos do mestre, pois não? Hipócritas é o que eles são. E esses são muito piores do que os outros, porque se apresentam como Messias, quando na prática são uns autênticos demónios, que ainda por cima passam aos olhos de muita gente como salvadores e bem feitores, o que os tornam muito mais perversos. A imprensa, seja a portuguesa ou de outro país qualquer, não deve deixar de contribuir para regular aquilo que são os direitos fundamentais dos seres humanos e da decência. Quando um candidato diz que por ele acabava com o congresso, quando faz a apologia do regime militar, quando diz que por ele o Lula vai apodrecer na cadeia, e que Hadad quando lá for vai ficar lá com ele, o que é isso se não fascismo? Meus caros, não é preciso vídeo árbitro para sabermos o que é o fascismo. Basta isto. Um candidato a presidente a insinuar que, uma vez eleito vai interferir na justiça, ao ponto de dizer que o seu adversário vai ser engabetado. Isso meus caros é fascismo. E a imprensa deve sonegar isso? Deve abster-se de comentar estas declarações, ainda que se ele vier a ser eleito não faça nada disso? Então as declarações não valem? Será que o homem é mesmo um tolinho, e portanto tem de se dar um desconto? E se for então ao menos diga-se a toda a gente que estão a votar num tolinho, e aí os jornais também têm de informar. leia o artigo Mentira, censura, subsídio

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