Será que hoje era possível acabar com a pena de morte e a prisão perpétua em Portugal?
Hoje dei comigo a recordar o facto de Portugal ter sido dos primeiros países do mundo a abolir a pena de morte e a prisão perpétua. Foi sem dúvida um avanço civilizacional fantástico, e é bom lembrar que por exemplo no nosso país a última mulher condenada à pena de morte foi em 1762, portanto à mais de 250 anos! E a pergunta que não cala é. Será que se fosse hoje era possível acabar com a pena de morte e a prisão perpétua? E o meu drama reside precisamente na convicção que hoje, tendo em conta a forma como muita gente reage e se comporta em condenar tudo e todos, dificilmente seria possível criar condições políticas para que se dessem estes avanços humanistas. Portanto acredito piamente que se ainda não tivéssemos dado este salto, hoje dificilmente o iríamos fazer. E na coerência desta minha convicção, quero hoje louvar aqueles que há mais de dois séculos tiveram a ousadia de ser mais humanos e fraternos. Ao pensar nisto devemos sentir vergonha. Como é possível que à tanto tempo atrás tivéssemos tido políticos com uma visão mais humanista do que agora, em que vivemos num tempo que se diz mais civilizado, em plena sociedade de informação e do conhecimento, mas em que parece estarmos mais selvagens do que tiveram os nossos políticos do século XVIII que deram um grande contributo para a nossa humanidade. E os atrasados eram eles? Dá que pensar.
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