domingo, 7 de dezembro de 2014

Querido José Guerra à 2 anos que está invisível mas tão presente

Neste domingo, é impossível não me lembrar do trágico dia 7 de dezembro de 2012. Dois anos passaram sobre o desaparecimento físico do nosso querido José Guerra, um homem que foi presidente da Acapo, foi igualmente presidente do concelho fiscal e de jurisdição, e foi muitas outras coisas. Não foi deputado porque manobras de última hora impediram que ele figurá-se na lista do Psd num lugar elegível pelo círculo eleitoral de Coimbra. Não foi juiz porque foi rejeitado pelo concelho da magistratura, infelizmente muitos pseudo intelectuais ainda pensam que a cegueira limita as nossas capacidades a ponto de não podermos progredir dando jus aos nossos legítimos anseios. O Guerra tinha enormes capacidades, e é duro dizer, mas se não fosse cego talvez tivesse ido muito mais longe, e creiam que só posso escrever isto com revolta e cólera pela descriminação a que infelizmente ainda somos sujeitos. A vida deste homem foi sempre uma autêntica contradição, e acabou também envolta numa incrível coincidência, daquelas que só o ocaso se lembraria de criar. Ele que passou toda a sua vida a lutar pela eliminação de barreiras arquitectónicas, vai morrer sacudido por um muro sem protecção, atirando-o para um semivazio, um parque de estacionamento onde infelizmente o seu corpo sofreu morte imediata. Já passaram 2 anos, parece que foi ontem. Curiosamente, quando soube da notícia estava também a acabar de sair de um funeral de um familiar. Tive o telefone desligado a tarde toda, e quando em fim o voltei a ligar, deparei com dezenas de chamadas, todas de companheiros da Acapo. O meu primeiro pensamento foi quase que em tom de brincadeira. A Acapo está a arder! Parece impossível tanta gente ao mesmo tempo a querer falar-me. Infelizmente, a realidade era bem pior, antes a Acapo estivesse mesmo a arder e o fogo estivesse na fase de rescaldo! Conheci o Guerra desde muito novo, mas só nas eleições de 2008, em que estivemos pela primeira vez no mesmo lado da barricada pude conhecer com mais profundidade este homem. Disse-o a muita gente que o Guerra foi para mim uma agradável surpresa. Um homem muito ponderado, humilde, sabendo ele de toda a sua valia, sempre mostrou grande rigor e humildade, foi um homem digno, íntegro, e teve em mãos situações bem complexas. 2 anos é muito tempo, mas uma coisa fica provada. Tal como eu previ na altura, José Guerra não morreu, ele continua a ser para nós um exemplo vivo de retidão e de seriedade. Não está visível aos nossos olhos, nem sequer o podemos ouvir. Mas somos testemunhas da sua enorme elevação, e temos o propósito de não esquecer este homem e tratar de o manter vivo no ceio desta instituição que foi também a sua casa, e onde ele também foi feliz, e ajudou a fazer mais felizes centenas de pessoas por esse país fora que tiveram o contributo da Acapo em dado momento das suas vidas. Por isso nestes dois anos que passam sobre o desaparecimento físico do Guerra, tinha de vos deixar este apontamento intimista mas muito sentido. José Guerra continua vivo e é isso que devem todos testemunhar.

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