os barateiros e os vendedores ambolantes das romarias
Em todas as romarias eles lá estão. Carrinha cheia de mercadoria, um microfone, lábia quanto baste, e assim se caracterizam aquilo que na gíria popular chamaremos de fala baratos.
Eu sei que esta terminologia não é muito simpática. Também há quem lhe chame barateiros, porque se virmos bem, estas pessoas passam a vida a afirmar que vendem tudo muito, mas mesmo muito barato.
Eles é cobertores, lençóis, edredões, toalhas, panos de cozinha, meias, tudo peças de qualidade muito duvidosa, e a um preço realmente em conta.
Começam por dar canetas e isqueiros, depois fazem questão de dizer que hoje ganha o povo, amanhã serão eles. como se isso fosse verdade!
Alguns até passam o espectáculo todo a ameaçar que vão vender telemóveis e outros equipamentos tecnológicos, mas infelizmente só se for de brincar! Porque telemóveis verdadeiros nem vê-los.
O que é certo é que com essa lenga lenga, falsa como já se viu, vão prendendo as pessoas.
Não discuto se as pessoas devem ou não comprar os produtos. Não sou ninguém para dar palpites a este respeito, e para ambicionar mandar na carteira alheia. Aquilo que eu condeno é o facto de as pessoas saberem de antemão que estão a ser enganadas, que pelo preço que os barateiros deixam ficar os artigos, já sabem que eles têm de ter um ou mais defeitos, e o mais criticável em tudo isto é a reacção daqueles que compram os artigos, que é a seguinte: Bom, eu sei que isto não presta, mas pelo preço que foi não se pode exigir mais!
A questão não tem haver com o preço, a questão é que as pessoas estão a comprar artigos sem qualidade nenhuma, com graves defeitos de concepção, e isso nem por um terço do preço inicial pode ser vendido.
Eu não posso vender um automóvel por uma quinta parte do seu preço de venda, avariado, com um motor que não é o de fábrica, uma suspensão inexistente etc. Assim, qual a vantagem que a pessoa tem em ter comprado o carro muito mais barato, se não vai tirar partido dele?
E em relação aos barateiros, há ainda outra questão, no meu ponto de vista a mais importante, que é uma questão legal.
Como se pode aceitar que eles possam circular com carrinhas cheias de mercadoria, em que não existe factura de compra, guias de remeça, em que não se passam facturas aos compradores, não se dá garantia etc.?
Já viram as irregularidades? E mais! Tudo isto é feito nas romarias onde lá estão agentes da autoridade, que assistem a tudo isto impávidos e serenos, e nem sequer ousam mexer uma palha para terminar com esta vergonha.
Esta, e também daqueles vendedores ambulantes, quase todos estrangeiros, que nem têm seguros dos carros que andam, não tem licenças, não pagam impostos, e muitas vezes vendem como todos sabemos material que foi roubado.
que é preciso para que as autoridades actuem? Já não são ilegalidades a mais?
Se um trabalhador vai à sua vida, basta não possuir um simples documento e é imediatamente multado. Então se alguém circular com uma carrinha de trabalho e tiver um produto que seja na mala, em que não tenha a respectiva guia de remeça, ao ser mandado parar por um agente da autoridade, o condutor vai arrepender-se imediatamente de ter saído de casa naquele dia!
O argumento é simples, já que tu trabalhas podes bem pagar a multa!
Aqueles que supostamente até nem podem pagar porque não têm bens pessoais em seu nome, nunca são importunados e podem andar aí livremente a poluir as romarias com as suas meias, cobertores e lençóis cozidos em meia dúzia de tecidos diferentes.
Não tenho nada de pessoal contra eles, simplesmente é tremendamente injusto que uma pessoa que ande na luta do seu dia a dia de uma forma séria seja multada por tudo e por nada, e hajam cidadãos completamente impunes, quando as ilegalidades até são feitas nas barbas da autoridade!
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